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as árvores.

 


. façam de conta que eu não estive cá .



pela manhã hortelã nos olhos, finas urtigas, densos areais, pequenas conchas, voos de pardais. pela manhã acordar o medo, com facas dentro e grades e prisões.engolir o céu.quando olhei para a rua já lá não estavas, saíste cedo para o mundo. não sei se as insónias também te morderam a boca, que durante a noite não estive, fui, fui em sono lento sob os precipícios. hoje, talvez mais tarde, procuro-te. agora não sei porquê mas esperam-me as árvores, como se podar ramos pudesse inverter a fuga de um coração.
 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 22/06/2010 09:50  Atualizado: 22/06/2010 09:50
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: as árvores. para mar
olha,mar...a cada dia me espanto como consegues ser sempre irrepetível na expressão da dor.como consegues fazer brotar poesia das palavras constantemente.como se houvesse uma fonte dentro de ti.porque é poesia esta prosa.e da mais que profunda.da mais cristalina.que belo isto que fazes...e como me comoves.

um beijo
alex

Enviado por Tópico
sampaiorego
Publicado: 22/06/2010 17:05  Atualizado: 22/06/2010 17:05
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2010
Localidade: algures virado para o mar com gaivotas
Mensagens: 1147
 Re: as árvores.
acordo rápido e raramente tenho tempo para abrir a janela que olha o sul. tenho uma montanha de coisas para organizar: sonhos. ambições. pesadelos. fantasias. devaneios. desilusões. saudades sem solução. demónios. anjos. livros. poesias – tenho que arrumar tudo nos sítios certos – quando a noite chegar tem que estar tudo no local onde o sol os fez perecer. irão ressuscitar com as unhas cravadas na carne – o tempo é o único que não morre. e na manhã amarro a realidade e saio para a minha rua – esta rua. que me vê envelhecer. também tem árvores. tantas. tantas. margarete. nem imaginas – fico perdido. dobro-me pelos joelhos. deito a mão aos ouvidos. quero apagar tudo. deixar de ver ou sentir – mas a noite continua ali e o passado não permite retoques – desespero

beijo mar

sampaio(r)ego