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tuberculata

 


. façam de conta que eu não estive cá .






tinha um rosto mudo a dizer, com as palavras fechadas com os punhos. ao canto da sala o medo na pele. quando voltava a cabeça um trecho de cabelo voltava-se para mim. gostava de lhe ter falado de como o rosto voltado deixava um trecho de cabelo ligeiramente afastado da estrutura óssea da face um pouco inclinada para a frente. gostava de lhe ter falado de como o rosto mudo misterioso me causava um certo espanto. tudo no rosto era uns olhos grandes negros apontados para o chão. onde a imagem de um peixe afogava o movimento. tudo parecia incrivelmente morto dentro daqueles olhos grandes negros.










 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 27/07/2010 00:34  Atualizado: 27/07/2010 00:34
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 Re: tuberculata para mar
olhos.olhares.que bem olhas.que bem os dizes.

Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 27/07/2010 00:39  Atualizado: 27/07/2010 00:39
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 Re: tuberculata
Sim... a morte começa no olhar...na ausência do olhar.

beijos mar

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/07/2010 09:37  Atualizado: 27/07/2010 09:38
 Re: tuberculata
Arte concreta e bela. E sobretudo fiel à vida, nos seus cambiantes mais obscuros. Que a poetisa invoca sem recurso a léxicos turvos, a palavras (mal)ditas. Porque só recorre à obscenidade quem não possui coragem, engenho e arte para mais.

Roubo um beijo à mulher "tubércula" que deposito na face da escritora talentosa. Uma das, ainda bastantes, que me fazem continuar por cá.

Abraço forte

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/07/2010 00:38  Atualizado: 28/07/2010 00:38
 Re: tuberculata
tudo incrivelmente aprisionado atrás dos grandes olhos negros, sonhando nevoeiro de um plano de fuga.

bjs