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INSURREIÇÃO

 




Ah, apetece-me morder, ou rasgar,
Num acto qualquer de heroísmo,
Que tudo é melhor ao conformismo,
Traçado nas linhas incertas do meu olhar.

Quero morder o vento – os mares, a água!
A areia dos desertos – os céus, e o ar!
E ficando com fome, não o farei notar:
Que antes o cravar de dentes na tábua!

E o meu corpo rasgado e feito pedaços
(desejo que não se quer distante),
Jazerá no chão, no mais do instante,
Aonde já não haverá dor, mas só abraços.

Lábios ensanguentados, muito para lá da luta,
Descansam agora em suas águas amenas.
E há suaves batimentos d’asas terrenas,
O lamber de f’ridas acalmando a disputa.

Jorge Humberto
in Saiu A Fera De Mim

 
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jorgehumberto
 
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 18/10/2006 09:04  Atualizado: 18/10/2006 09:04
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Mensagens: 4098
 Re: INSURREIÇÃO
Adorei este poema, está muito, muito profundo e com lindas metáforas!
Magnífico!
Beijos