Peregrino pelas ruas da cidade, cruzo
a violência urbana e o tempo em flaches mentais.
Vejo os slogans modernos e sedutores das fachadas,
presumidos aglutinadores
e os cobertores deixados pelos cantos
dos encharcados de miséria, acompanhada!
Tudo está podre e corrompido! Putrefacto!
Os rostos passam por mim absortos
naquele vértice sombrio
onde conflui preocupação e tristeza
em rostos mortos!
Tu nunca me disseste, a verdade
pousavas a tua mão na minha e dos teus dedos
brotavam fadas, nada era real
a não ser o teu colo macio para me aninhar e sonhar
com cores e luzes artificiais!
E os meus olhos reluziam tanto até ficarem cansados
e as tuas palavras para me embalar,
iam fugindo, numa melopeia de conforto
como cobertores de lã e alfazema
para me aconchegar!