Poemas : 

«« Não te dispas ...««

 


Não te dispas
Num corpo nu a longínqua esperança
Que se banha calmamente num lago
De peixes azuis e violeta
Na alma nua o travo do amargo
Do receio a incerteza

Será que me vês desnuda
Entendes os meus medos
Os anseios os dias que não vi
Ao me veres desnuda
Serás tu a outra metade
Serei eu a correnteza
Que trará átona a vida

Não te dispas
Deixa que os trapos se esfiapem
Que os medos se vão
Que o teu e meu coração

Repousem finalmente
Num repousar indiferente
Ao corpo desnudo que arrefece

Nesse dia meu amor
A alma será una
Dois corpos cansados
Ali lado a lado
Num repente o arado
Do desejo olvidado

Por fim despe a alma
O corpo acompanhará o despir
Sobe a pele extasiada
Um caminho a descobrir.

Antónia Ruivo.


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/06/2012 14:12  Atualizado: 12/06/2012 14:12
 Re: «« Não te dispas ...««
O poema começa a falar duma coisa e depois passa a falar doutra, sim porque este poema fala, nem sequer é sozinho, o poema fala de corpos que são mais do que isso, depois o poema deixa de falar para viver, sim porque este poema vive e continua a viver dentro de quem lê, saiba ler o poema, sim porque é preciso saber ler para ir duma meia-certeza à dúvida, não no poema, mas a dúvida que encontramos em nós, para nos fazer viajar para depois nos encontrarmos perdidos, sim o poema é para nos fazer perder, mas não são todos.

Eu gostei muito deste.

Abraço,
Carlos T.L.