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Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...

 
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Gê Muniz

Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...

Claro. As pessoas sempre mantêm com firmeza as suas convicções quando consideram ter razão sobre algo. Nada mais justo. O “certo é o certo”, é assim que se diz, não? Nada mais ético, mais honesto para com os outros, para consigo mesmo. Desde sempre, indivíduos detêm certa dose de razão. Sob alguns ou outros aspectos pode-se afirmar até, com relativa tranquilidade, que a grande maioria das pessoas encontra-se assentada sobre determinados “lençóis freáticos de razão pura”.

Acontece que a soma de cada uma dessas “razõezinhas” pessoais é, geralmente, o que costuma resultar em absolutamente nada.

Por que é assim?

Por que, logo após uma dessas acaloradas discussões sobre um tema, cada um defendendo a sua razão - aquele tipo quente de debate onde todos buscam de forma aparentemente civilizada (ou não) manter com dignidade as suas convicções - geralmente chegamos à conclusão de que esta não serviu de praticamente nada que não para presenciarmos um punhado de indivíduos “cobertos de razão” tentando se prevalecer sobre outros participantes igualmente detentores das suas próprias razões, todas elas muito boas?

Muito interessante é que cada uma dessas razões é exposta de forma coerente, vibrante e convincente, e, por sua vez, anula (e é anulada) diante às outras belíssimas razões contrárias ou paralelas, por melhores que elas sejam.

Haveria alguma forma de se construir algo duradouro, com vida própria, apesar dessa enorme avalanche de coerência viajando em mãos contrárias?

Penso que sim: Abrir mão de razões específicas. Esquecer, ao menos uma vez, de que é preciso expor e prevalecer a própria razão perante as idéias dos outros. Porque se faz necessário abrir mão das próprias conveniências para se obter algo num âmbito coletivo. Para isso, é importante compreender o que é vital ao todo, apesar de, muitas vezes, isto chocar-se às próprias convicções. Sim, é preciso “ceder” para estacar os alicerces que viabilizem certo objetivo comum para um resultado concreto num ambiente de real democracia.

Democracia... Então caímos na política?

Ser verdadeiramente democrático exige uma determinada e direcionada abnegação e humildade (não a humildade dos hipócritas ou dos ingênuos, mas sim a dos generosos, ou melhor, a dos inteligentes) e não buscar sobressair-se melhor sobre os outros apenas pelo fato de ter “mais razão”. A razão absoluta é aquela que massacra e avilta. Espezinhar os outros com excesso de razão pode até significar perder o controle da própria razão. Para um grupo, consegue-se unidade de pensamentos sobre determinada causa comum quando ela é a resultante da “soma dos sacrifícios individuais”, e não a “adição de todos os gostos pessoais”.

Como tudo na vida, também o bem-comum cobra o seu preço para realizar-se. Porém, as pessoas comumente avaliam em justamente o contrário: que é expondo o seu ponto de vista e defendendo-o com unhas e dentes que se chega ao consenso. Não: o consenso é produto do reconhecimento, da boa-vontade e da aceitação das necessidades coletivas e da supressão “consciente” (aqui friso a palavra consciente) de determinadas razões particulares, certamente aquelas inúteis ou prejudiciais ao todo. Uma verdadeira revolução surgirá quando cada cidadão, por sua conta, estiver apto a aceitar e, principalmente, “compreender” com todo o seu ser que, primeiro, contam as prioridades comuns à maioria e depois, apenas num segundo ou terceiro plano, as individuais.

O diacho é que vivemos os sensacionais “tempos modernos”: A liberdade deve ser “supostamente ilimitada”, onde as pessoas são educadas para buscar ter razão sobre tudo, em fazer prevalecer sua inteligência e suas maravilhosas idéias para construir um mundo melhor primeiro para elas e depois para os outros... É com essa irônica e romântica justificativa que os indivíduos sustentam sua prerrogativa de defender as suas idéias em detrimento de outras. Todos são, per si, os salvadores, os detentores das definitivas soluções. A isso basta – simples - que “todos os outros as aceitem”. Para isso vale tudo: ênfases, imposições, xingamentos, intimidações, e por aí vai.

Aqui no Luso-poemas, como no restante das situações da vida, essa é a ordem das coisas. Não vejo aqui alguém realmente disposto a abrir mão de algo em prol do consenso. Sim, eu leio o fórum. Todos são muito politizados e inteligentes para defenderem e bem os seus pontos de vista. Pronto: está montado o ambiente ideal para jamais haver acordo sobre o que quer que seja. Logicamente, demora pouco, muito pouco, para que um “Lusuário” que se arrogue “cheio de razão” soque (ideologicamente) a cara de outro e que este outro, com uma significativa dose de razão contrária, devolva ao primeiro, na mesma conta, o safanão recebido. Tudo isso acontece, é claro, em nome de estarem defendendo o melhor para o site. São, no fundo, como se poderia dizer? Uns beneméritos...

No “Fórum” em particular as contendas sempre acabam assim: uns virtuais olhos roxos, algumas mágoas, egos murchos, exaltados ou arranhados... Sim, é claro, aqui chamam a isso de “debate democrático”. Se é democrático, impessoal, com respeito apenas aos textos ou às ideias, reparem, por que sempre acaba caindo a discussão para o âmbito pessoal?

Ok, eu já imagino que muitos me dirão: - Você nunca veio aqui para discutir nada... Verdade. Isso que alguém contesta, com “certa dose de razão”, é apenas o usual exercício da democracia: expor com liberdade as suas idéias e impressões. Melhor assim do que não poder expressar-se... – Melhor assim? - Será essa a única alternativa democrática aplicável? Respondo que minha proposta não foca isso. Respondo que minha proposta não é mais uma tratativa para eu prevalecer algum tipo de “idéia”. Simplesmente é uma observação de que talvez seja necessário haver disposição e doação individuais para se buscar “consensos coletivos”. Penso que alguns outros não demorarão muito em tentar quebrar a minha cara em nome da manutenção do que entendem por liberdade de expressão e democracia... Afinal, por aqui, tudo acaba em pancadaria e é preciso, mais do que qualquer outra coisa, “ter razão”, não?

Infelizmente, procurar sobressair a própria razão a todo custo impondo-se sobre outras idéias, ao invés de redundar em democracia, tem se constituído - e com muito êxito - nas maiores e mais longevas ditaduras ao decorrer da história. Por aqui, penso, temos alguns pretensos ditadores com ótimo potencial para o ofício. Costumam estar travestidos na pele da figura libertária e democrata que os permita falar o que lhes dá na telha com claro fito de manipular em causa própria, porque, afinal, se “estão com muita razão”, devem, até por uma questão de “consciência”, defendê-la, mesmo à custa de oferecerem ofensas pessoais, cinismos e idiossincrasias.

Isso é o tudo de todo o porquê de, neste site, eu ser, segundo o conceito de alguns “engajados”, um grande alienado quanto às “importantíssimas e cruciais questões em prol da comunidade Luso-Poemas”. Claro, podem quebrar a minha cara à vontade por aqui, afinal, seria o Fórum o local correto para essa exposição. Mas era preciso dizer o que eu disse assim, neste formato (mesmo até que, sobre esse assunto, “eu possa não ter qualquer razão”).

É por essa e por outras que eu acho que por mais que se considere ter “plena razão para tal”, não se deve (embora, admito, realmente se possa), por exemplo, comentar que um texto escrito por alguém está uma “merda”, nesses termos ou próximo disso. Há milhares de formas mais interessantes e proveitosas para se dizer algo do que fazê-lo assim. É de obviedade ululante que o formato é ofensivo e gratuito a quem lê, busca a humilhação e o escárnio e qualquer justificativa em contrário (como insistir que a crítica é apenas e unicamente ao texto), refinada hipocrisia. Afinal, o que se ganha de real agindo assim? Sentimento de liberdade? Poder? Confiança? Alívio? Ascendência sobre terceiros? De que se beneficia o autor ao ler esse tipo de crítica? Vai agradecer pelo comentário extremamente “sincero”? Vai reputá-lo como balizado e isento? Francamente... Sim, o “excesso de razão” pode ser uma dolorosa tirania.

"Não existe o universo sem a infinita diversidade. Qualquer intervenção humana recairá no artificial". Entendam como quiserem.

(Gê Muniz)
 
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GeMuniz
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/11/2012 01:32  Atualizado: 07/11/2012 01:40
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
sempre gostei de ler a razão dos bons observadores...
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meu abraço caRIOca, Gê



ps.: esqueci de parabenizá-lo. é isso!


Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 07/11/2012 01:34  Atualizado: 07/11/2012 01:34
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16070
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
Por mais uma vez apaguem a lanterna de Diógenes que eu também encontrei um homem: Um homem de coragem e que sabe dizer muito bem aquilo que todos nós queríamos dizer. Kant não faria melhor, meu camarada. O estranho é que quando se diz aqui no site "maricas" seja motivo de expulsão e quando se diz "merda" é crítica erudita. Só aqui mesmo. Não poderia deixar de vir aqui para parabenizar o amigo pelo coerente e propício texto para o momento triste que estamos vivendo. Isso mostra que nem todos ficam inertes perante o facismo que insiste em imperar nesse recanto literário sagrado para muitos. Obrigado por dá voz a quem não tinha, meu amigo. Um forte abraço Gigante Gê! VAleuuu!


Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 07/11/2012 01:34  Atualizado: 07/11/2012 01:46
Colaborador
Usuário desde: 16/10/2012
Localidade:
Mensagens: 1473
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
e, ironicamente, estás coberto de razão rs

realmente gostei de ter exposto sua opinião, Gê. nunca te vi como alienado por aqui, mas alguém que simples e necessariamente vê tédio na lavagem de roupa suja alheia

mas supondo que todos devamos ceder um pouco para chegar a um consenso, como proceder? Quais opiniões devem ser consideradas e quiçá votadas? Podem clones votar? A opinião do que parece ser a atual maioria dos que querem que o Luso seja uma rede social de afagos deve prevalecer sobre os do que querem deste sítio um compromisso com a literatura e poesia?

enfim, todo questionamento é válido
exceto para ditadores, claro

abs


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/11/2012 01:39  Atualizado: 07/11/2012 01:39
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
A sua visão do luso-poemas narrada aqui é de uma coerência e espírito de conciliação extremamente necessários de se ler. Por isso voltei para comentar.Começo a pensar que não é possível mais nos mantermos coerentes, a não ser mantendo distância das discussões. Por outro lado, é a discussão que possibilita a produção de algo que seja comum à todos. Esse produto, bem- comum, só possível na democracia.
Ainda acredito na diversidade e sobretudo no respeito que ofereço, mas também exijo.
Você tem além do direito, a propriedade para dizer tudo isso. Obrigada por essa lição de partilha.

Bj.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/11/2012 02:12  Atualizado: 07/11/2012 02:12
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
Ge,
Um desabafo verdadeiro e limpo.
A verdade nao poderia ser maior. E suas palavras nao poderiam ser
mais claras. E para mim, foram tocantes.
Direto ao ponto, voce mostrou um leque de sentimentos e possibilidades.
Sem artificios. Sem manobras. Apenas sendo o Ge!
Parabenizo voce pela lucidez. Pela verdade e transparencia.
Abracos,
~Mary~


Enviado por Tópico
F.Duarte
Publicado: 07/11/2012 03:18  Atualizado: 07/11/2012 03:18
Da casa!
Usuário desde: 17/10/2012
Localidade: foz do Rio Tejo
Mensagens: 338
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
e quantas interpretações, leituras pode ter um texto?

Toda a crítica, todo o comentário será sempre válido, desde o que diz que o meu texto é uma merda, como o que diz excelente, entre um e outro há poucas diferenças, apenas opostos.
Um site amador onde se postam textos de autor, sujeita-se sempre a isto, à concordância/discordância, e se num caso (o meu texto ser uma merda) não é apresentado um exemplo sequer de como o comentarista/crítico, acredita que ele pode ser melhorado, no outro oposto (excelente) também não me exemplifica porque o analisou assim.
Quem posta neste tipo de site acredita sempre que o seu texto é uma obra prima (ou priminha) porque falou do sentimento, da dor, paixão, amor, fosse lá o que fosse, e pretende que o seu texto (mesmo incoscientemente) tenha muitas leituras, favoritizações, comentários positivos, mas esquece que quer os positivos, quer os negativos podem ser destrutivos.
Sei que em ambos os casos é destrutivo, e pior que isso do debate ao bate-boca é um instante, como um velho dito cabo-verdiano “porque se métesse ele com nós, se nós não nos métemos com ele”.
Tantas são as vezes que o autor expressa mal a sua ideia, ou expressa-a e eu não entendo, e de quem é a culpa, do emissor, ou do recetor? E se eu comentar de excelente (porque tem umas frases bonitas) estarei a contribuir para a sua evolução? E se eu o comentar de que é uma merda (porque não o entendi na sua plenitude) não estarei contribuir também para a sua involução?
O que sei é que dos comentários que por aqui tenho lido, poucos são aqueles que dizem por exemplo “se fosse a si escreveria desta forma ou daquela, ou utilizaria esta palavra em vez dessa”, ou mesmo gostando porque não fazer o mesmo? como que a forçar o diálogo, exemplos, e o diálogo na sua forma de troca de ideias, de conhecimentos, será sempre uma evolução na escrita, e principalmente na palavra.
Por aquilo que li aqui até hoje, palpita-me que tudo ficará como dantes, e quanto ao que escreveu, concordo, duvidando também de que alguém esteja disposto ao consenso, ao exemplo, mantendo-se o “excesso de razão”, tantas vezes ilógica.

Lembrei-me da ditadura e de como o lápis azul era utilizado a torto e a direito, amputando textos por suposições de ser do contra-regime, e hoje, com a democracia, continuamos individualistas, sempre com a razão do nosso lado.
Por último, acredito que o dono do site esteja radiante com o que aqui se passou, o aumento de acessos deve ter sido uma loucura, e afinal em que resultou? O site irá melhorar?

Agradeço-te

Enviado por Tópico
Felipe Mendonça
Publicado: 07/11/2012 11:20  Atualizado: 07/11/2012 11:20
Usuário desde: 01/12/2011
Localidade: Rio de Janeiro
Mensagens: 533
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
De fato, Gê, "excesso de razão" pode ser uma dolorosa tirania, ainda mais quando ela se refere ao gosto e à opinião. Já disse, em outro espaço, que é difícil encontrar argumentos absolutos nesses campos. Penso que a internet democratizou de vez a escrita e a leitura, antes restritas a alguns grupos. Agora todos podem escrever e opinar. Talvez essa seja uma das poucas coisas absolutas no que tange a um texto postado em sítios como o Luso. É claro que devemos fazer isso com bom senso, sem ofendermos quem escreveu ou opinou acerca de um dado texto, sem ofendermos grupos sociais e quem pensa diferente de nós. Isso é algo difícil, mas que deve ser perseguido por todos nós. Penso que devemos ter em mente que, se alguém disse que nosso texto é fraco ou ruim, isso não significa que sejamos pessoas ruins. Podemos até ser uma excelente pessoa que escreveu algo que pareceu ruim a outrem. Aliás, eu já conheci escroques que escreveram coisas excelentes. Para mim, é difícil julgar se alguém comentou um texto de forma sincera ou hipócrita, se o texto comentado fez alguma diferença para quem o comentou ou se está fazendo isso por mero compadrio, para depois receber os mesmos afagos e leituras que doou. O que sei é que poesia não é best-seller e que o leitor de poemas é raro, ainda mais no Brasil, logo a poesia é um produto pouco comerciável e pouco lido também. Para confirmar isso, basta que perguntemos a pessoas do nosso convívio, se não forem leitores de ofício de poesia, quantos livros elas leram durante este ano. A despeito disso, a luta, empreendida pelo Caio, por qualidade literária, é sempre uma luta louvável e necessária. Essa luta não deixa de ser uma luta em favor da cultura. Nessa luta, só não devemos esquecer que existe vários tipos de leitura e de escrita, logo vários tipos de leitores e escritores num sítio como o Luso e outros de livre escrita e leitura. Há textos e leitores que querem apenas compartilhar suas dores, alegrias e solidões enquanto há outros que querem mais, que desejam criar uma obra de arte, que querem ter uma emoção estética ao ler um texto. Devemos respeitar as duas formas de composição e leitura. Acho que a bronca do Caio foi porque o Luso estava tornando-se apenas um compartilhamento de alegrias e frustrações quando, além disso, ele é também um ambiente onde se faz arte. Grande abraço, Gê, e obrigado pela oportunidade de refletir sobre este excelente texto que postaste aqui.


Enviado por Tópico
Sterea
Publicado: 07/11/2012 11:36  Atualizado: 07/11/2012 11:36
Membro de honra
Usuário desde: 20/05/2008
Localidade: Porto
Mensagens: 2999
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
Não se devem aquecer razões próprias com fogo que queime a dos outros.
Nem alimentá-las com excessos - antes alimentarmo-nos delas com frugalidade e bom-senso.

Gostei muito da sua reflexão. Aliás, até julguei ver nela a minha reflexão.


Abraço, Gê.




Enviado por Tópico
Caio
Publicado: 07/11/2012 16:04  Atualizado: 07/11/2012 16:04
Membro de honra
Usuário desde: 28/09/2011
Localidade: Olinda, Pernambuco
Mensagens: 898
 Re: Uma visão Luso-Poemas: É Preciso Ter Menos Razão...
chamei um texto de merda e fui criticado
por isto. ainda sou, direta e indiretamente,
pelo que vejo. mas aprendi com tais críticas.
critiquei também, com minha certeza,
os elogios que tive como falsos,
e fui criticado por isso.

aprendi que não estava certo ao fazê-lo,
que não posso ter certeza do pensamento
alheio, nunca terei. a crítica ajudou.

concordo com o francisco duarte
e com o felipe mendonça em tudo,
concordando também com o germano.

no meu caso, posso aprender a ceder,
mas não sei se conseguiria sem antes
ver que o "outro lado" também cederia
para que se pudesse chegar num consenso.

acho que gosto de discussão mesmo.
aquelas que não levam a nada, hora
ou outra, acabam cansando, porém,
geralmente aprendo alguma coisa.

hoje em dia tento ler um texto
com vários olhos. leio, releio,
percebo o que gosto e o porquê,
assim como percebo o que não
gosto e também o porquê.

lógico que não é sempre assim,
lógico que muitos são os textos
que me fazem sentir algo diferente,
ou mesmo algum sentimento conhecido.

mas isso geralmente vem na primeira leitura,
ou lendo o mesmo texto após algum tempo.

minha vontade é, ao criticar,
desenvolver minha capacidade
e senso críticos.

publicar a crítica já tem
um outro motivo: mostrar
minha opinião ao autor.
se o mesmo preferir ignorar
minha crítica, pois bem,
é de direito.

pensei duas vezes antes
de enviar esse comentário,
talvez por ser possivelmente
uma repetição de mim mesmo.

mas agradeço por um diálogo
tranquilo entre tormentas.

abraços