Uma mosca poisa nas minhas pétalas
traz os pezinhos cheios de merda
Alguém devia ensinar às moscas um tapete
papel higiénico ou mesmo um toalhete
Se fosse abelha que me sugasse
Se fosse até cigarra que me fumasse
Mas mosca suja, que vive em palacete
Não!
Poisam políticos nas minhas pétalas
Moscardos de merda que não limpam os pés
Ninguém os ensina
Ninguém os para
Toda a gente acampa sobre os seus chulés
E ninguém limpa os pés
Sou bem-me-quer
Sou bem-me-quer
E sozinho consigo pedir meças a Deus
E sozinho consigo insultá-lo
Rodeado de merda por todos os lados
Transformo palavras rudes em amores
Toco tambores
E sei de cor a que cheiram as flores
Só não sei o que é preciso para a fotossíntese dos homens
Ensaio poemas
mesmo quando me cheira a merda por todos os lados
E nesses dilemas sou abelha, abelhão, zangão
Deixo palavras-pólen para os que depois de mim virão
O meu verdadeiro nome é José Ilídio Torres. É com ele que assino os meus livros.
Já publiquei 12 obras em géneros diversos: crónica, romance, conto e poesia.
Foi em 2007, aqui no Luso, que mostrei pela primeira vez.