Poemas : 

Ao Solar dos Condes de Portalegre em Évora

 
Nada há naquela casa!
Só saudade! Angustia!
Silêncio e sombra!
A dor de muitas gerações ...
A presença de todos os mortos!
Naquele tempo igual de cada dia,
como o próprio destino,
a morte poisou, todos partiram,
o jardim secou!
Fecharam-se as portas,
correram as cortinas,
cerraram-se as janelas ... tudo parou!
O grande, aberto, imenso desconhecido
matou a Alma dos Menezes ...
E num eterno suspense, imenso vazio,
o Espírito da casa anoiteceu!
A dor que era tão funda petrificou,
fez-se tumba, e a saudade, mansa e calada,
tornou-se num epitáfio ao vento
na Évora de sempre ...
Lá, é onde habita a morte
em nocturnas sacadas de solidão.
E tudo está! Tudo estático! Em espera!
Parado ...
Tudo tão absurdamente igual como outrora,
como sempre, como dantes, agora sem família.
Sem nada, ninguém, só escuro.
Ali as perguntas são os lábios fechados,
a inércia de não saber.
E a fenda aberta ainda há pouco?
A dor de tantos séculos que sangrou
uma Linhagem ...
E a grande verdade pressentida?!
Intima verdade!
Essa que lá se sente.
A dor de não perder ...
A vontade de voltar ...


Ricardo Louro
- em Évora -

Ao imenso silêncio do solar dos Condes de Portalegre por extinção da linhagem dos Silva e Menezes. A linhagem morreu, a casa calou-se, o tempo passou, a agonia permanece ... fica a esperança de voltar ...


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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