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Vivendo & Escrevendo V

 
UMA ENSOLARADA e típica manhã encantada de domingo. A azafama começa com o retorno da minha zangada cunhada do mercado puxando o carrinho de compra e sendo recepcionada alegremente pelos seus cães que latem e uivam. Tia Nana com seu rotundo corpo enfeita-se e perfuma-se para voltar a residência no distante bairro da Vila Maranhão. Mano Biné chegou e como sempre uma novidade. Ontem a noite no ápice da embriagues de vinho minha cunhada teve um de seus acessos de raiva com a filha e o cretino do genro que foram com os amigos do Salão para a praia a noite. Tanto que agora recusou os dez reais que a mesma mandou pelo marido. Mesmo assim eu e Larissa ficamos de trocar a cédula de cinquenta reais sem ela saber, até a zanga passar e a lisura apertar. O almoço sendo servido, primeiro para o chefe do clã . Na sala de estar uma conversa tecnológica e uma exposição de celulares de ultima geração entre Biné, o filho Danilo e a companheira dele. No quarto do casal a companheira de Danielzinho e a bebe deitados na cama. As cunhadas não se falam. Dormi depois do almoço e acordei as seis horas na boca da noite. Bruce late para os gatos que vem namorar as gatas no cio. Adrielle sorrateiramente traz-me escondido uma moeda de cinquenta centavos que achou em algum lugar.. Minha cunhada conversa com Seu Pietro. Larissa chega da reunião do salão. Adoro Kerouac quer me leva pelas estradas americanas e suas típicas cidades interioranas com caubóis e seus trejeitos, os mexicanos colhedores de algodão - São Francisco, Omaha co seus amigos malucões, vivendo as suas maneiras, vagabundos atravessando o pais nos vagões dos trens cargueiros. Uma louca vida. Eu não posso escrever como ele, pois não vivi nada de extraordinário, fiz poucas viagens - três para a cidade de Barbalha no vale do Cariri no sul do Ceará, perto de Juazeiro do Norte ,a terra do legendário Padim Padre Cicero Romão Batista. Da primeira fui até Fortaleza e quase vacilava no ônibus, pensei em fumar diamba no banheiro, onde um Guarda fazia a vigilância. Na segunda fomos por Salgueiro, Pernambuco na época conhecida com a terra da maconha e a ultima fui levar o sobrinho de Dona Van, o pequeno Tammer que passara as ferias conosco. E em 2009 fui até a cidade de São Vicente de Ferrer viver um grande amor coma poetisa Day que durou apenas o suficiente, foi bem efêmero, mas valeu. Depois conto com detalhes dessa viagem no detalhe. O meu pé na estrada.


DE VOLTA AO L'ATELIER DE LA VIE depois de quase uma semana fechado. A Cemar me intimando para pagar os débitos pendentes e ameaçando-me cortar o fornecimento de energia. Dona Zizi, uma cliente vem procurar-me, ainda pouco outro cidadão veio informar-se sobre o preço de dois portões - explico-lhe que não estou trabalhando nesse período somente a partir de novembro.
- Ai poeta! - Saúda-me Mariano ou Marujo o carroceiro maneta sentado no varal da carroça vazia. A moeda que a pequena Adrielle me deu ontem a noite para guardar era do patriarca. Uma fomizinha enjoada bebi um café simples. Sou muito preguiçoso em pensar que meus primeiros livros venderiam algumas centenas de exemplares, ainda tenho uma longa estrada a percorrer é certo que desses dois livros que estão publicados não vale nenhum e o terceiro também - pois ainda me escondo atrás de mim esmo. tenho de pensar que poucos foram os que conseguiram o sucesso de imediato - Dostoiévski foi um deles - minha escrita é interrompida para soldar uma picareta de um pedreiro que mora na rua 25 e assim ganhei os meus cinco reais. Aleluia! Aleluia!. Grazie Mille signore Dio - mio padre!

- E isso ai - Disse-me Seu Ribamar vendedor de abanos e apanhador de manga, segundo falam é um mentiroso contumaz. Estou na eminência de concluir o terceiro livro "Crônica de uma Tuberculose Anunciada".

Meio-dia e uns quebrados. A vozinha infantil e peculiar da princesinha Adrielle deitada junto com Larissa na cama vendo um desenho animado. Aleluia!Aleluia! - o meu terceiro livro esta no mundo virtual - a capa é um anjo tocando uma trombeta, agora é partir para o quarto livro. Sinto-me cansado e aliviado com uma grávida que acaba de parir e já pensa no próximo rebento. Adrielle foi embora com a mãe que veio busca-la na moto. Gosto muito dela. O Patriarca assiste o filme "Os demônios de Petersburgo" - ouço, assisti-o alguns meses atrás no you tube, baseado na vida do mestre Dostoievski. é quase igual ao livro do sul-africano Coetze.
Noite no quarto fedorento lendo deitado na cama a biografia de Allen e pensando se digito ou não o Caderno Vermelho.


 
Autor
r.n.rodrigues
 
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