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O grande caderno azul XXIX - continuação

 


(continuação)

Começo da tarde - Como um bando de coiotes, o casal retornou com suas desculpas esfarrapadas que estão esperando a filha dele que vem busca-los e nunca chega. Ela ficou para amolecer o coração gelatinoso de minha benévola cunhada e ele foi deixar a neta na casa da mães. A colega de Sara enfurnada no quarto escuro de Larissa deitada na cama vendo SKY. Tio Biné no computador. Adrielle o quarto.Antenor tateando pacientemente as paredes vai para casa.
13:50 - Como eu previra Tia R. ficou desdobrando para amainar o coração de minha cunhada, agora faz uma boquinha um bom prato e depois para o companheiro..
13:55 - Voltando ao romance autobiográfico de Miller e sua atribulada vida amorosa com sua grande paixão June e uma sapatão muito louca chamada Jean e o boneco Conde Bruga.
16:20 - Uma partida chata s sem graça na televisão e eu eletrizado pela prosa diferente e magnética do genial mestre do Brooklyn com seu drama peculiar de dividir o apartamento com a esposa e a amante dela meio-louca. Ai esta a diferença da arte literária dele, sempre baseio-se em si mesmo e nunca escondeu o lixo debaixo do tapete. Um autentico que revelou a verdade de sua amarga existência sem medo de não ser compreendido ou ridicularizado. Como gostaria de ter o seu segundo livro "Tropico de Câncer" ('que já tive e o li nos anos 80, lembro-me vagamente da Vila Borgheses, de Boris catando os piolhos chatos, do indiano amigo de Gandhi para relê-lo vagamente, sorvendo cada parêntese). Comparo a genialidade literária dele com a arte surrealista de Salvador Dali - ambos sabiam o que queriam expressar-se sem cair no óbvio - A releitura das obras deles esta sendo para mim uma reviravolta, pois agora posso compreende-lo melhor, depois que reli a pequena mais bem escrita biografia dele do escritor Marcos Moreira. Sou interrompido por uma salva de palmas que vem do terraço, era o pequeno e bem-educado Juan apanhara a chave do Salão do reino. O casal perfumado também saem para a reunião. Na rua, o reggae em alto volume vem da Casa dos Correias mais em baixo, onde uma branca de bermuda expõem suas belas pernas sentada na calçada. Tomei café au lait e bolacha esmagada de agua e sal, mas mesmo assim não saciei a minha fome.
16:55 - Uma pausa na leitura para ver alguns documentários interessante. No rádio,a voz inconfundível do criativo pernambucano Chico Sciencie, criador do mangue beat. Minha cunhada curiando no terraço.Adriele sentada na cama do casal penteando o cabelo encarapinhado.

Começo da noite
18:15 - Uma boa juçara com farinha e um pedaço de frango assado de ontem a tarde. Minha cunhada desfila de toalha enrolada no meio da pequena sala.Uma fomizinha chata.
22:56 - Conclui a releitura de "Crazy Cook" - agora vou reiniciar "O Tropico de Capricórnio" - minha cunhada cata pulga e sempre rabugenta.
- Oh! Mas tu é chata! Grita para a cadela.
22:55 - Miller maravilhoso Miller e a sua verborragia pura que me contamina poeticamente. Como sempre ele me inspira a sonhara - é preciso escrever, escrever e escrever - eu já tinha esse lema, por isso que adotei esses diários para que eu pudesse perder o medo da escrita, de me expressar de acordo como os meus sentimentos sem ter medo de ser ridicularizado. Esse aqui é um exercícios sem fim, que iniciei aos meus 25 anos atrás, essa luta de auto-afirmação de escrever - Estou colhendo os frutos aos poucos., um dia alcanço o meu nirvana literário.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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