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Chronos

 
 
Chronos
Ninguém tem, não, ninguém
tem Chronos nas suas mãos!
Mas será que pode alguém
ver a imagem do seu coração?

Por certo não há quem queira
ter esse retrato constante
que a distração semeia
nas rugas do seu semblante

Quer-se um rosto sem equívocos
ou marcas no espelho a enrugar
a juventude dos resquícios
de quando havia amor para dar

Será que Chronos desconhece a bondade
e sabendo-se certo dos pedaços lancinantes
que vai arrancando à verdade
ri, com os golpes precisos e deselegantes?

Embora não seja, de todo, necessário
demonstrar a indiferença, foi sabida
de supetão, pede-se que promova itinerário
no futuro sem magoar o coração, ou abrir a ferida

Tivesse Chronos só a foice do mal
e não sobrasse sol para contar…
Mas existe um coração “nobre”, o tal
que Ananque foi amar…

Já eu seguro nas mãos o meu rosto
olho-me ao espelho e que vejo?
Um caminhar carinhoso, um luar de agosto
e Chronos sobre o ombro a olhar o Alentejo.



Informação retirada de:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chronos

Mitologia
Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: khrónos, kairós e aíôn. Khrónos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. Aíôn já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

De acordo com a teogonia órfica, Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira Ananque (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogénito separando-o, formando então o Universo ordenado com Gaia, Ponto (o mar profundo) e o Urano (o céu).

Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancos, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens.


 
Autor
Nininha
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Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/05/2016 09:04  Atualizado: 08/05/2016 09:04
 Re: Chronos
Um texto, florido de Chronos.
Muitas das vezes, jogar pérolas as porcos, a que se ter a
Paciência.
Mas em fim se eles passarem sem notar, fazer o que.
Continuar,colhendo a poeira das estradas.
Pois se a marcha for longa.
O descanso será prolongado.
Um lindo texto, recheado de tão sabias explicações.
Eu, adorei te ler.
Primeira de muitas vezes.
Ser for mãe.
Que esse dia seja sua afirmação.
Beijos e ficar bem.
Porto Gues


Enviado por Tópico
Eureka
Publicado: 08/05/2016 10:15  Atualizado: 08/05/2016 10:15
Membro de honra
Usuário desde: 01/10/2011
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4297
 Re: Chronos
Olá Nininha,

Favorito o teu quase perfeito e deveras maravilhoso poema impar, nesta partilha que acabo de ler.

Beijocas
Maria


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/05/2016 12:50  Atualizado: 08/05/2016 12:51
 Re: Chronos
Teus poema mexem com nossas almas, linda paixão, gostoso sentimento.

Palavras sentidas,


Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 09/05/2016 21:16  Atualizado: 09/05/2016 21:16
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: Chronos
E o deus Tempo cria e devora os próprios filhos, como já dizia a antiga mitologia. Mais um que aplaudo de pé! Valeuuu!