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deserdados

 
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Crianças esqueléticas deambulam
Nos montes de gordura supérflua
Da cidade,
Longe,
Dos olhos da cidade.
Dos despojos privilegiados
Da cidade.
Escondidas da cidade,
Escondidas da obscenidade
Que empesta as modas
Ricas da cidade.
E a cidade adormece devagar
Ao ritmo sacrossanto das igrejas,
Dos bares de diversão,
Dos centros comerciais e
Das consciências de avestruz, que falam
A inevitabilidade da pobreza e da fome,
E justificam as esmolas
Na nossa hipócrita existência.
As crianças esqueléticas
Um dia vão voar e exigir
O seu quinhão de humanidade.
Deixarão de ser coitados
Submissos.
Sairão dos seus lugares
Miseráveis
E virão, rumo à cidade tomar,
Com os olhos ocos de sentimentos,
A vida que lhes roubaram.
Abandonarão a inocência
Que a cidade tanto aprecia
E como DESERDADOS
Virão cobrar a herança da vida
Que lhes foi negada.
Numa raiva sem forma,
Sem história, sem nada...



Manuel F.C. Almeida


 
Autor
Manuel Almeida
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/03/2008 00:34  Atualizado: 13/03/2008 00:34
 Re: deserdados
Alguns versos bastante bem conseguidos. Uma primeira impressão positiva. Parabéns!

Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 13/03/2008 00:37  Atualizado: 13/03/2008 00:37
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 Re: deserdados
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