Precisas de ter algo mais do que razão
O pragmatismo e o realismo aconselham a que analisemos os problemas em escalas adequadas, concedendo a cada realidade a respectiva representação relativa.
Ainda não vi um método, que urge criar, de "elaboração de mapas à escala dos problemas e das soluções...".
Sem isso, andamos à deriva, como tontos, uns que colocam o problema do álcool no centro do universo, outros que colocam o centro do universo no álcool e por aí adiante.
O que me faz estar aqui a escrever, em vez de estar numa manifestação contra o governo?
E que seria melhor? Para mim ou para os outros?
Enquanto estou aqui a escrever, morre gente que outras pessoas tentam acudir, mesmo depois de mortas, com orações...
São poucas as pessoas que têm predisposição para a razão.
Na realidade, nem os crentes/praticantes da religião estão sequer tentados a interrogar-se e, muito menos, discutir, seja o que for.
Ninguém vai à igreja por uma razão que seja a de ter razão, do mesmo modo que um político não quer ouvir falar em razão, nem precisa de ter, nem esse é o seu negócio. São os interesses, o nepotismo, as alianças, os compadrios, a corrupção, os apoios, os votos, as aclamações, que valem.
Ter razão não vale nada.
Ninguém está interessado em algo que vale nada.
Alguém está interessado na morte de Deus e, mais ainda, na suspensão da morte de Deus de Nietzsche?
Os nossos governantes (a quem tudo devemos, excepto a razão) têm horror à razão e, com razão.
Ainda podes ser acusado de não teres nada
Na realidade, o problema da burocracia, da corrupção, do nepotismo, dos compadrios, dos complôs, das arbitrariedades do poder e todo o tipo de abuso, é que, apesar das queixas gritantes e embora plenas de razão, os cidadãos não são tidos em conta senão para obedecer, trabalhar, votar e respeitar a estrutura política que são obrigados a pagar, sem escolha.
E quando alguém apresenta alternativas e soluções para os problemas é visto e considerado como uma ameaça. Logo tratam de ignorar ou desdenhar para não terem de reconhecer que muito pode e deve ser feito para bem de todos (excepto daqueles que deixariam de ter as vantagens que indevidamente têm).
Não falta quem seja capaz de revolucionar com melhores leis e procedimentos e práticas. Não falta quem tenha competência para fazer melhor do que aquilo a que temos assistido (pior era difícil).
O problema, insisto, é que ter razão é pouco e pode ser nada.
Aqueles de quem nos queixamos, com razão, não têm razão mas têm e fazem o que querem.
Os outros, aqueles que têm alternativas e soluções, com razão, só têm isso, não têm o poder.
E podem até estar cansados de ter razão, ao ponto de já não terem vontade, nem determinação para a acção.
É preocupante e alarmante que o poder da razão continue a ser vilmente (para não dizer democraticamente) derrotado e suplantado pelas razões da força.
Mesmo quando tens razão, se não tiveres algo mais, ainda podes ser acusado de não teres nada.
Lava as Tuas Mãos
até podes voltar
em esperança de que os trilhos
que te levaram
jamais hajam enferrujado
ou que o trem
que levava a vida para a frente
a todo o vapor
ainda exista
mas no fundo
no mais profundo do teu ser
tu conheces tão bem quanto eu
a hora que marcou as mortes
então
de nada te vale
colocar flores nas minhas lápides
nem a volta, porque impossível
nem a trilha, porque caduca
nem a locomotiva, porque museu
te valerá na tentativa hereje
de seres o perfeito judaico-cristão
e, também, pouco importa se te vais
pois, tuas mãos sujas
não escapam, nem ficarão impunes
às estrelas que emitem luz
do que no universo é o bem
do qual tu és o oposto
do qual és movimento retrógrado
- ó excluso! razão sem razão !-
ou loucura e profanação da palavra irmão
Luíz Sommerville Junior, 01 Abril 2014 , 02:14
Eu Canto O Poema Mudo(FIM)
.
Morrer de amores
O que sobrevive
à pré-história do amor
o amor
a história do amor
ou as razões para morrer
de amores?
CORAÇÃO CEGO
De tantas nuvens no olhar
A cegueira toma conta
Quando se nega o obvio
Mais cego está o coração
E tentando limpar tantas nuvens
Outras mais chegam, escuras, pesadas...
Mas o coração tonto de amor
Se recusa a acreditar nas nuvens
Vê um mundo límpido e colorido...
Acredita que os olhos do coração
Que carrega outra visão
Só vê o que quer, e não o que é.
Sou o ser que tu receias
Sou como tu um poeta
tão selvagem de domar
Deixo a porta sempre aberta
por ela possas sempre entrar.
Serei um poema menor
verdade em ti escondida
Conheço-te pelo amor
preso estou à tua vida.
Sou a aliança fiel
dentro da tua razão
Estou vivo na tua pele
dentro do teu coração.
Sou o fruto apetecido
que tu provas e arranhas
Quantas vezes proibido
dentro de tuas entranhas.
Sou o ser que tu torturas
com orgulho e altivez
Sou alguém que tu procuras
dentro de ti e não vês.
Sou o poeta ferido
alguém que em ti germina
tantas vezes incompreendido
sou bálsamo em tua ferida
Sou a voz que te intimida
sou o ser que tu receias
Sou o sangue que percorre
teu corpo nas tuas veias.
Sou a lágrima escondida
no bater da solidão
Sou alguém que por ti suspira
dentro do teu coração
Sou um livro sempre aberto
que tu lês e não vês nada
Estou longe, estou tão perto
como tu de ser amada.
Sou o poema que lês
poesia sem alma sem vida
A tinta dos teus porquês
que te deixa assim despida
Sou a razão muito forte
que te faz chorar e sorrir
Sou o teu sul e teu norte
no caminho a prosseguir.
Sou em ti um prisioneiro
contigo sou vencedor
Somos dois um só guerreiro
unidos no mesmo amor.
E a chama que em nós arde
nunca se extinga jamais
Que este fogo nunca se apague
Se inflame cada vez mais.
A razão pela tua existência...
MEU PENSAMENTO
MEU PENSAMENTO
Cada sonho que invento
É como ir ao encontro
Nem sei bem de quê
Mas cada vez que tento
Quase sempre me amedronto
Sem razão nem porquê.
Meu pensamento
Fica assim num desconcerto
Num Mundo que nunca vi
E sempre a saudade por perto
Como se a infância estivesse aí.
Perco-me por dentro de mim
Chego a não saber quem sou
E é a saudade que por fim
Me devolve o que se apagou.
Quando por fim me cansar
De mil razões que a vida me dê
Virá a morte meus olhos fechar
Calará de vez a razão e o porquê
Pra desta vida me levar.
rosafogo
natalia nuno
Discutível vida.
A vagareza do meu passo destoa,
com o absoluto comunismo do pensamento corrente.
Fora de ritmo, alimento-me do questionamento da luz.
És tu vida, que me apronta sem frescura,
Traz-me proezas na contracultura,
Tira-me os passos com fervura,
e sois discutível, oh vida!
O teu amor a tua compreensão...
Tudo parte de uma concepção,
Que quando bem composta
Qualquer objeção verte resposta
Unta-se ao pensamento, gera foco
que mesmo discutível situa-nos in loco.
Mas, quando mal fundamentada,
tanta teoria, converte-se em nada.
Dentro de ti
O dia se perde no poente
A noite nasce alegremente
Dentro do coração a saudade
Que senti até este momento
Olho o mais alto que posso
Perco-me no infinito do meu ser
Procuro um tesouro valioso
Que é o teu amor escondido
Em um lago cor azul
Que não se mostra a ninguém
Nem mesmo a mim que te amo
Espero... Espero
Esta razão do meu viver
É teu amor que não me deixa sofrer
Que está guardado dentro de ti
Para um dia nascer
A simplicidade das coisas
fala-me baixinho
encosta tua boca
no meu ouvido
diz que me amas
que não é trama
que não me enganas
essa gente é mesmo sacana
dizem que sou linda
que não te posso amar
que tu não me amas
contigo não devo falar
não quero beleza estonteante
quero viver num mundo consonante
não importa quem tem razão
quero mesmo é um amor
que me alcance o coração.
Ana silvestre
In (a simplicidade das coisas)