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Textos de Quarentena 36

 
As metamorfoses a que se habituou permitiam-lhe passar incógnito por entre o povo nas afãs matinais, por vezes nem os seus o reconheciam. Era, apesar de tudo o que caracterizava, um artista que conseguia vestir a pele de qualquer um ao ponto de se infiltrar em alguns bailes com o intuito de estudar os destinatários das suas pretensas represálias.
Conseguira alguns documentos, falsos, que o davam como elegível investidor de propriedades e, sem querer, tinha-se cruzado com o testamento perdido do seu pai no arquivo de um escritório dos asquerosos funcionários da lei que tinham auxiliado o seu tio a afastar-se dos seus bens. Uma casualidade que o obrigara a usar alguns dos seus contactos, daqueles que ainda lhe deviam avultados favores, coisas que sempre calham bem.
Um advogado, que trabalhava numa rua anexa ao Banco e que tinha preciosos conhecimentos nos meios sociais da altura, que tinha acesso a arquivos e a altos dirigentes régios foi indigitado para resolver os imbróglios legais relativos àquele testamento. Foi bastante cooperante mediante as circunstâncias com que fora confrontado, obviamente que não desejava perder a influência ou a possibilidade de exercer o seu ofício.
O favor devido por este advogado incluía um rol de crimes impressionante, que ele não tinha cometido, é certo, mas dos quais era autor moral, alguns hediondos, desde extorsão à corrupção, passando mesmo pelo assassinato e tudo isto se envolvia numa teia de malha fina, um labirinto confuso e letal. Em resumo, a própria vida do advogado e de outros que o rodeavam, estava em perigo.


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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