Enviado por | Tópico |
---|---|
TrabisDeMentia | Publicado: 31/05/2020 16:57 Atualizado: 31/05/2020 16:57 |
Webmaster
Usuário desde: 25/01/2006
Localidade: Bombarral
Mensagens: 2331
|
Re: Lenta transição para o real
Não vou arriscar decifrar, foi dito o suficiente para fazer-me pensar e deixar-me confuso.
Tenho a chave mas falta-me a porta, talvez ao contrário, não sei. ~tei. |
Enviado por | Tópico |
---|---|
Rogério Beça | Publicado: 01/06/2020 07:38 Atualizado: 01/06/2020 08:29 |
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1943
|
Re: Lenta transição para o real
Estava eu tão contente a ler o poema entre raízes e, incerto, se demais ou "...de mais..." e achando ilimites nos limites que procuraste impor reparei que havia um cenário na estrofe um e dois cenários na estrofe dois.
Um poema que é um pouco uma dedicatória introspectiva à introspecção. De repente, aparece o "...dealbar da noite...". Da noite eu ainda conhecia, agora o dealbar fez-me ir ao dicionário. Primeiro o Priberam que uso está estúpido. Depois a wikipédia não tem e nem no dicionário escolar em papel dos miúdos o vi. Ir por intuição é ingrato por vezes, porque parece uma localização temporal, mas faltam-me referência anteriores ou posteriores para ter a certeza. Podias ajudar? "...não serei a proposta mais fiável de uma teoria moribundo..." um exemplo bom de lirismo sem uso de palavras caras. Gosto muito dos "...dedos..." do segundo verso da segunda estrofe, porque é uma referência anatómica e porque o poema (a boa poesia) tem o teu dedo. Ultimamente ando muito estranho. O último verso parece-me, por isso, uma infantilidade. É quase um Pleonasmo. Nunca é demasiado tempo e tempo nenhum. Lembro-me do nunca digas nunca e dou-lhe cada vez mais razão. Obrigado Abraço |
|
|
|
Enviado por | Tópico |
---|---|
Margô_T | Publicado: 07/06/2020 09:35 Atualizado: 07/06/2020 09:37 |
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
|
Re: Lenta transição para o real
Fantástico poema!
O “tracejado irregular do papel”, ainda que irregular, permite uma delimitação espacial onde as palavras se inscrevem (“os limites consigo traçá-los”), mesmo que estas sejam escritas num “tom mortiço” - para que “não se enraízem demais”, já que toda a definição rígida impede extensas margens e é nas margens que acontece a interpretação, a surpresa e a originalidade do poema (ou da escrita em geral). “tudo isto para explicar como” os dedos do poeta são a ponte entre o seu imaginário e a realidade, assim participando numa “transição para o real” do que em si acontece (mesmo que o poema venha sem qualquer tipo de introspecção altamente dedicada por surgir repentino, de rajada; ou mesmo que essa introspecção só se dê “se o que florescer restar no dealbar da noite”). “Real” porque há uma passagem do que se pensa para o que se escreve; e o que se escreve, através dos dedos, ganha “realidade física” quando surge no papel, a carvão ou tinta. Gosto do jogo entre os limites físicos do papel e os limites da interpretação/”dúvidas”, levando o leitor a perguntar-se se tal poderá ter alguma ligação… o que não deixa de ser irónico porque o sujeito poético nos diz não ser muito dado à introspecção (salvo a situação já referida) e, contudo, leva o leitor a essa mesma introspecção que (supostamente) lhe é rara. É nestas contradições que a poesia existe – porque tão humanas... |
|