Poemas -> Surrealistas : 

Reticências

 
Open in new window















As letras e reticências do poema invadem as madrugadas
A vida segue quente ao verão que lhe cresta os caminhos
Sobre o véu tão gris carregam lampejos e ecoam rumores
Mas nada precipita, senão as mesmas lágrimas cotidianas
Que proveem da dor do poeta, na arte de lavrar emoções

Não, as raízes poema não nascem do amor bem-sucedido
Antes, se veste do negrume que nasce na incompreensão
Vem da cegueira intolerante que quer silenciar seu canto
Do egoísmo inadmitido que deseja calar seu lado infantil
O poeta ama? Oh sim, mas devo afirmar recíproca não há

As horas se multiplicam e não lhe trazem qualquer alento
Na melancolia de outrora são inúmeras as páginas viradas
O que hoje é uma infinita ausência, já foi um sonho de luz
Da inspiração da vermelha lua resta apenas esquecimento
Falas faltantes num roteiro inacabado nos teatros da vida

No poema que querem calar, encontrei o esteio à solidão
Meu coração foi ferido e sangrado por palavras tão ferinas
Que sepultaram a paixão, morta para nunca mais ressurgir
Executada sem defesa pelo demônio negro da indiferença
O pesadelo nunca existiu, tu o criaste nos legando a vivê-lo


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
Data
Leituras
436
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.