É sempre hoje no reflexo das tuas mãos
tiraste-me as palavras
da boca
e fizeste delas frases
que remendaste aos poucos
em versos.
É sempre agora no eco da tua voz
deste-me a tapeçaria para recitar
para saber de cor
da frente para trás
que subtraí de vogais
e consoantes.
É sempre imenso o instante do já
teu
A captura mais imperecível é a da ilusão
A perda maior é a da própria mente
O triunfo mais doce é sobre a vontade
a única derrota
é a morte.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.