Poemas : 

As Pás do Moinho

 
Chegavas pela última palavra enquanto a tarde se fazia noitinha
E tua chegada era qual um sopro da brisa vespertina dos verões
Mas, se a morte jamais ergueu o véu que agora te oculta de mim
É que tu não morreste, eu é que morri nesta fábrica de tristezas

O peito trespassado sob os céus amargos que só outono em abril
Pois tu foste cumprir o silêncio do adeus, deixando-me o desterro
Eu sei que as pás do moinho da vida devem para sempre se mover
Girando a mó mesmo sobre as preciosas memórias, reduzidas a pó

Volvendo em desertos a terra que antes era fértil e de promessas
Não, não morre quem partiu, morrem aqueles quem um dia tocou
A quem restará somente essa saudade dolorosa e nostalgia aguda
Sou tão parco sem ti, sou pedra sem brilho, num mundo só de dor


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
Data
Leituras
551
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
0
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.