ruem … até quando?

ruir prefiro ruidosamente, nem sei se estrondosamente, coisas do fim, se é que existe mesmo.

"Mãe, sinto o sangue tremer. É como se o coração estivesse parado. Eu lembro-me da nossa casa. Eu sinto no corpo o coração a ruir."
(talvez o meu ruir preferido de Daniel Faria "Sétimo dia")

ou

"Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos."

("ruir dos universos" brilhante. Antero de Quental "Com os Mortos")

"O mistério ruiu sobre a minha alma
E soterrou-a… Morro Consciente!"

(Fernando Pessoa "Primeiro Fausto - Mistério do Mundo", sem comentário)

"E ao seu avanço há de ruir a Porta 
De Brandemburgo, e hão de calar os cães 
E então hás de escutar, Cidade Morta 
O silêncio das vozes alemãs."

(tão actual Vinicius de Moraes "A Berlim")

por fim

"Se na lua houver alguma emoção,
acabe de ruir o que continua.
...
que acabe
...
tudo rui, tudo desaparece"

(Rogério Beça em comentário)

Só te tenho de agradecer, humildemente, o teu comentário e o teu texto Rogério, e por teres feito com que eu fosse atrás da palavra ruir.

Muito obrigado.

Abraço.

pois é
as palavras ruem de cada vez que as utilizamos, mas têm essa coisa sublime de renascerem logo a seguir, reinventadas, ou renovadas.

Muito obrigado pelo comentário ElisabettM

Abraço

nestas coisas de saudades, memórias, palavras, é impossível estabelecer o tempo ou o modo. Talvez a palavra jamais seja a mais indicada.

Muito obrigado pelo comentário Poeta Isabel

Um abraço