Poemas : 

Areia da Ampulheta

 
O rio que quebra no meio da pedra
Que bate e rebate na rocha mais rígida
Depois se desfaz em relógio de areia
Reclusa no vidro da velha ampulheta.

A onda redonda que longe arrebenta
Que corre em costas tão continentais
Que passa o monte e ultrapassa os Urais
Depois chega lenta em praia barrenta.

Então vem o vento que redemoinha
Que corre, sacode e ao mundo percorre
Balança o cabelo da bela menina
Escorre de dia e de tarde ele morre.

O sol, sal do céu, que adoça o meu dia
Que racha uma rocha e alimenta uma rosa
Que aquenta torrentes de águas tranquilas
O berço marinho onde em si se afoga.

Assim a natura é a aranha que tece
Os fios de toda existência terrestre.
Mas a mão que aduba é a mão que derruba:
Olha, vai chover: Olha a chuva! Olha a chuva!


Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 14/06/2023 23:03  Atualizado: 14/06/2023 23:03
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 Re: Areia da Ampulheta
Como nós, a quem se disse do pó vieste ao pó retornarás, tudo tem seu ciclo. As montanhas em tempos ancestrais se fazem pó na ação do rio, das ondas, do vento e do sol. Esse movimento que muitas vezes passa despercebido aos olhos do observador comum, aos olhos do poeta conta histórias em forma de poema. Admirável. Saudações.


Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 15/06/2023 12:21  Atualizado: 05/07/2023 16:53
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Mensagens: 1917
 Re: Areia da Ampulheta
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Permita-me homenagear o seu poema com minha modesta composição que diz tbm d'uma força indomável:

Meu abraço caRIOca!