Poemas : 

Retalhos

 
Há alguns dias que a inspiração se escondeu
Nesse tempo rapinado de cotidianidade nua
Nestes tempos que meus pássaros agonizam
São-me tempos em que amordaçam os anjos
A morosidade abrumada, tempos tão iguais
Renego-me a mera condição de espectador
Solto amarras vibro música, pintura, poesia
Resisto, me ergo, experimento abrir as asas
Rebelo-me aos anjos, pois que tenho a alma
Ainda que não faça da noite uma alvorada
Não me afogo com essa sede de horizontes
Essa sede de chuva em tempos de desertos
No exílio do orvalho, no alarido dos órfãos
Na sede uivante, desaguada que nos cerca
Renasço a poesia, sôpro do recreio infinito
Por libertar-me os pássaros de um desterro
O seu folguedo de asas, imaginação insone
Tece alinhavos de voo, aventura de cristal


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


Aos críticos de plantão: Eu sei que sopro (ô) não tem mais esse acento diferencial... mas eu não gosto. Fica, por vezes parecendo sopro (ó). Pois bem.
 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 24/06/2023 08:45  Atualizado: 24/06/2023 08:45
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Mensagens: 10497
 Re: Retalhos
O aparecimento da inspiração, trouxe de novo um formoso e emocionado poema, a poesia surge como um desejo, não é fácil desprendermo-nos dela, ela é capaz de impregnar todos os nossos actos, e há momentos duma doce utopia, em que surgem estes belos poemas.

Frui cada verso! Obrigado
Bom fim de semana
Saudações