Vida que segue, ainda que negue
Anda e desanda, e nos demanda
Nos tange cedo, acorda com medo
Encanto e pranto, sem rito santo
Mãos sujas, frágeis, e sem luvas
Catando uvas, as vistas turvas
Na chuva dorme, a lama chama
Olhos duros, sempre em apuros
A passos lentos, sob tormentos
Seguindo rotas, com roupas rotas
Sob cansaço, abraço sem laço
Mesmo no escuro, buscam futuro
Noite sem estrelas, sem lua ou guia
Nuvens nos olham, sem magia
Riem baixinho, pássaro sem ninho
Seguem sem prumo, e fé sem rumo.
Souza Cruz