Leio poetas que escrevem
poesia com inefável fulgor, inspirando profundamente para ascender ao céu onde
habitam
musas que inspiram desinspirados poetas (e pigarreiam, por fim.)
Leio poetas que
calcorreiam afincadamente o dicionário das palavras raras, e
respiram como quem respira
o ar que se respira nos
róseos salões de poesia de Roma, Roterdão ou alguma uma outra rutilante cidade (e bocejam, por fim)
E depois fecho o livro.
Lavo a louça.
Apanho a roupa do estendal.
Ouço o cão do vizinho a ladrar.
Limpo, por fim, as migalhas da mesa.