Dispersos pelos ventos invisíveis,
Tão semelhantes às almas e dores,
Os anjos grunhem alto os seus pavores,
Em risos de sorrisos impossíveis.
Na zoada dos gritos inaudíveis,
Em que tudo se canta sem cantores,
Mesmo a lonjura do mundo onde fores
Buscar-te, tomo-a em braços incríveis.
Eis que te vejo mais do que a deus vejo,
No oceano imenso, no doce Tejo,
No panteão, dançando entre as vestais…
Estalam em mim tormentas brutais,
Coléricas, prenhes de madrigais,
Ditos no silêncio do desejo.
13 de Agosto de 2009