Se eu cavalgasse no dorso do vento,
Desfazendo as massas das atmosferas,
Se eu tomasse por abrigo o relento,
Repartindo a minha alma pelas feras…
Se eu fosse antes da árvore e do rebento,
Se eu fosse o tempo de todas as eras,
Se eu da vida fosse o próprio alento,
Se eu fosse a realidade das quimeras…
Quem tu serias, mais do que és agora?
Objecto dum querer a qualquer hora,
Dédalo de sentir e lucidez?...
Incertas são as contas que deus fez,
Olha para estes olhos que bem vês,
Que te pedem para não ires embora.
30 de Dezembro de 2002