No Citroën órfão do esquecimento,
Indiferente à sua diferença,
Mais etéreo só esse firmamento
Que o guia à minha apagada presença.
Eu e ele retardados à nascença,
Guardado da guerra e do sofrimento,
Por ser obra assombrosa de Florença,
Eu por não ter para o mundo talento.
Passeia-me as mágoas e a desgraça,
Abandona-as pelas curvas que faça,
Eis-me então suspenso e ele em suspensão…
A par do mito está o coração,
Que sempre encontra o seu diapasão,
Na rotação da Terra que se abraça.
20 de Outubro de 2009