Estou sóbrio e carregado de ódio ao copo vazio
O vinho rasca martelado enviesava-me o olhar
Levou-me nas pernas o peso líquido do mundo
Olho-os nos olhos, brindo à vossa loucura e rio
Tolos os que me vão lendo estas ondas de mar
Pensamentos desse íntimo desejo tão profundo
Vejo por cá incorrigíveis e inalcançáveis poetas
Degraus dum olimpo costurado por dois verbos
E ali acima de todos, os pontos de interrogação
Dúvidas são dívidas de cada um às suas metas
De um mísero monossílabo a poemas soberbos
És pessoa e Pessoa ou flores belas em negação
Os dedos cansados escrevem e apagam letras
Tu desesperado rasgas ideias já enxovalhadas
Eles agoniam na última exclamação infindável
A nova pipa desse néctar de Baco que soletras
Escoa lenta e pausadamente o sabor a laudas
E eu leio-te poeta e escritor das palavras mel
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma