I Parte
Ser Criança
Tantas vezes.
Fundas.
Uma mão de nada.
Mas a criança
permanece em mim,
sobrevive.
Um absurdo. Por tão funda
ser a dor,
fez crescer
a ainda criança.
Sem partir,
sem vergonha, ainda ser criança.
II parte
A Criança
Tantas vezes.
Fundas.
E uma mão de nada.
A criança que permanece
em mim traz.
Um absurdo, por tão funda
ser a dor
faz crescer
a ainda criança
de há décadas atrás.
III parte
A criança não cessa
Está sempre em começo.
Gostamos, de a acordar,
do seu sono cantante.
Semente inventada ao longo do tempo.
Por toda ela ser memória.
Há o desejo de acordar a sua intimidade.
Em modo de flor.
Ou como pardal a inventar o voo.
A ver e a escutar os dias.
Com os cabelos já em timidez.
Porque as cores ficaram nos lápis.
Essa criança tem cem mãos.
E, agora está com cem pensamentos.
A olhar a razão e o sonho.
Jamais se juntarão!
Todos os dias procuramos a nossa criança.
Zita Viegas