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Tá Maguinho, um guerreiro sem causa - I

 
TÁ MAGUINHO
Era madrugada. O calor e os mosquitos faziam a festa. Uma quitinete de uma sala, dois quartos, uma pequena cozinha no fundo ao lado do banheiro com o vaso sanitário entupido, exalando seu bodum de merdas secas. Sem moveis, sem energia elétrica – agua não era problema. Uns barulhos estranhos, talvez fosse ratos ou baratas.
No primeiro quarto as escuras, um corpo estirado sobre um papelão, dormia pesadamente alcoolizado, a pequena figura de Tá Maguinho, um branquinho de feições infantis, porem era um jovem homem de mais de trinta anos -ora e outra mexia-se e rolava de um lado para outro. Não tinha lençol. A companheira, uma quinquagenária o abandonou, levando a rede de dormir. Ao lado dele no canto, uma caixa de papelão com seus andrajos. Pobre Tá Maguinho abandonado em todos os sentidos – saiu forçosamente do lar materno, depois do desentendimento com o padrasto, também idoso, deu-lhe um empurrão para defendê-la do velho agressor. E por esse motivo foi levado ao quadro dos disciplinadores e o sentenciaram a quarenta bolos em cada mão – a lei da comunidade é bem explicita – não é permitido a agressões a idosos, adultero ou qualquer tipo de arenga que possa perturbar a paz social – depois de comunicado ao Torre, o Disciplina cumpre. Então para não ser supliciado, Tá Maguinho colocou a ‘cachorrinha’ nas costas e caiu no mundo.
A quitinete localizava no final da rua X de frente para a avenida – uma porta e janela que pertencia a um doidelo marrento que devido a certas circunstâncias mudou-se para bem longe e a deixara para alugar. Vários inquilinos passaram e nenhum pagava as contas de energia e a concessionária cortou. Estava desocupada um bom tempo e por obra do destino, condoído pelo sofrimento de Tá Maguinho, dormindo nas praças e no cemitério, o responsável cedeu-lhe a preços módicos para ele passar o período chuvoso. (continua)

 
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efemero25
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