Poemas : 

Cativo do Meu Roteiro

 
Manda-me calar,
que eu quero o interdito.

Tua pele, escrita em relevo,
espera o corte
da palavra que não digo.

Quando te ordeno,
é o meu corpo que se curva,
mas faço da curva
o meu domínio.

Há um gozo em tecer silêncio
com as mãos presas ao ar,
como se o querer fosse

rasurar teu contorno

tornar teu corpo exato
ao roteiro que não existe.

 
Autor
Aline Lima
 
Texto
Data
Leituras
37
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
2
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 03/10/2025 08:51  Atualizado: 03/10/2025 08:51
Colaborador
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 780
 Re: Cativo do Meu Roteiro / Aline Lima
.
Olá, Aline.

Excelente jogo de palavras e de imagens.
Exigente, este teu poema.
Corte, curva, contorno, corpo...
Inicia-se o poema mandando que mandem: "Manda-me calar, que eu quero...". E faz-se isso o poema todo: é o sujeito poético (sp) que manda, que diz, que sabe.
Os versos são todos bons e, juntos, fazem um belo poema que é precisamente o que diz o título: preso ao destino que o sp quiser.
Obrigada pela partilha. Deu que pensar.


Ab
Beatrix

Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 03/10/2025 09:09  Atualizado: 03/10/2025 09:09
Administrador
Usuário desde: 06/05/2024
Localidade: Braga
Mensagens: 1280
Online!
 Re: Cativo do Meu Roteiro
Bom dia Aline :)

Só não existe aquilo que não imaginamos e esse roteiro existe, menos a exactidão que lhe caiba
o poeta é um buscador da perfeição, já encontrá-la na realidade é outra cousa

abraços e bom fim de semana :)