Sonetos : 

Catarse

 
Volto aqui no afã de escrever poesia,
Mas o mundo a minha volta agora oprime.
Onde estão o belo, o novo, o sublime?
Em que mata se embrenhou a fantasia?

Cavo a terra ressequida das palavras,
Meço o pulso carcomido do compasso.
Quanta falta faz o abrigo de um abraço?
Quanto vale a esperança que abrigávas?

Sei que o sol que está lá fora não se importa,
E aquece mesmo o sonho esfacelado
Pelas farpas cruas do cotidiano.

Se nas tramas destes versos eu me engano,
Dou vasão a esse meu peito calado,
Lanço fora toda angústia que me corta.

fsalvo


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FSalvo
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 18/10/2025 15:36  Atualizado: 18/10/2025 15:36
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 Catarse p/ FSalvo
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Viver sem arte, sem a beleza de uma imagem, de uma melodia ou de uma palavra, pensando que são distrações ou inutilidades, é recusar a essência de sermos humanos, entes à procura de sentido nas reverberações do infinito.

A missão do poeta, que o meu caro amigo encarna neste soneto, é regressar constantemente a esse lugar de beleza, o único onde a nossa angústia ganha significado, apesar das "farpas cruas do cotidiano".