Um velho vetusto, já sem idade,
Olhou-me de soslaio e eu também,
Vivia – notava-se – sem vontade,
Parecia uma sombra sem ninguém.
Falávamo-nos para parecer bem,
Não lhe achei rancor nem lhe vi maldade,
Só marcas dum tempo que já não tem,
E a súplica do seu fim, por piedade.
Muitos anos passaram desde então,
Desfez-se em cinzas o pobre ancião,
Igual a tantos que por aí vi fora…
Até que um dia, apertando-me a mão,
Um jovem cuja idade não se ignora,
Me diz que está na hora de me ir embora.
18 de Maio de 2011