Adiante a montanha do cansaço,
Mostrenga em mim, colosso no horizonte,
Ali, à distância do meu braço,
Não a vêem acolá, mesmo de fronte?
Onde o sol se põe, realçando o traço,
Moldando cada vale e cada monte,
Dando sombra aos caminhos onde passo,
Oculta à gente ainda, mesmo que a conte.
Quando o nevoeiro nela se desfaz,
E o escuro com a aurora a abandona,
Do alto o milhafre grita o chamamento…
Diurna luz que então repousa em paz,
Fecundando a terra até à hora nona,
Nesta tela pintada pelo vento.
13 de Maio de 2024
Viriato Samora