A minha alma é uma fonte jorrante,
De incessantes lágrimas estagnadas,
De Castália triste e mendigante,
Em que se afogam mágoas versadas.
Desaguando em mim mesmo, a jusante,
A força dos cansaços em levadas,
Estuário poético vacante,
Das minhas incertezas desvendadas.
Muito embora águas sejam de Lethes,
É Caronte quem me transporta ufano,
Na barcaça do sonho onde naufrago…
Corpo boiante não mais te inquietes,
Apodreces ao dobrar de cada ano,
Porém não és o meu único estrago.
02 de Dezembro de 2022
Viriato Samora