Desejar-te, tipo mendigar mil migalhas,
Brisa a levar. Velar teu barco à deriva.
Recolher o sal da pele, na lingua viva,
Depois guardar o silêncio em conchas e tralhas.
Desejo é asa, voa alto, e nunca falha,
Na virgem que prende, que morde, que cativa.
Na carne, pernas, o incêndio do véu motiva
Um beijo, porém, sem pressa, ou razão que valha.
Ao partir, corpo que antes era enseada,
No leito o rio, o cais vazio, a dor no peito,
Presença e adeus preso no desejo, no espasmo.
Resta latente o amor na parte não invejada,
Que naufraga em ti, contorce o mais puro leito
E renasce na mulher sem igual orgasmo.
Souza Cruz