Os cães conhecem-te e ladram-te
Sempre junto à caravana rosnam
Desconfiados de palavras do dono
Brigam-se pelo osso e mordem-te
Como alguns poetas que ali falam
Dos anos dum tempo sem outono
São da laia dessas ervas daninhas
Que cravam punhais no chão puro
Como se fosse num peito qualquer
Vadias d'eiras e beiras comezinhas
Atiradas na estrada da vida escura
Quase livres para o que der e vier
Depois veio esta chuva em dilúvio
Gente com peito erguido e inflado
Ávida do odor que trazias a vinho
Cruzando com arfar de ar Vesúvio
O destino pouco digno deste fado
E o olhar altivo quase mesquinho
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma