a jornada anunciada em nave etérea
no alvorecer límpido da alma, 
sem névoa 
sem mácula ou neblina sequer
[longa a espera e o aceno do lenço, se o linho é riço
e a mão magoa …]
num bordar certezas em pano-cru
teço a urgência de hastear velas latinas 
de sucumbir viva ao fogo-fátuo do beijo
... do teu beijo.
olho o Cosmos em minha bola de cristal 
e vejo-te, mão divina e arquitecta, 
em tímida ousadia de soltar corpetes e atilhos 
de amaciar o gelo plasmado em meus olhos
num sopro quente d'aragem hipersónica. 
vejo-te
a escalar colinas de meu corpo
num dedilhar de liras e de harpas
- passes de mágica de dedos delicados 
desfolhando madrigais de  gestos e de verbos 
sob transparências purpurinas de luar.
lá fora a lua
aqui a levitação de corpos 
em agitação de pusilanimidade prosaica…
inscrito em constelação primitiva de estrelas 
o anseio de ser
em ti aura, brisa suave,
perfumo sândalo de mulher 
e fio 
      de água 
a escorrer-se livre em correnteza trajecta
da tua boca ao epicentro da terra 
estrela d’alva
madrugada 
luz acesa no teu peito… e nada mais.
                
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