Poemas : 

Eram verdes as palavras escorridas

 
Eram verdes as palavras escorridas nas sombras
dos solitários e esguios Eucaliptos e por dentro
do silêncio percorrido as Borboletas teciam
complexas piruetas.

Eram rosas as Tulipas amarelas do jardim,
frágeis e esguias, igualmente, e por dentro
de murmúrios murmurantes escorria
a imperfeição do ruído.

E do rio azul em frente, asas iluminadas
de Cotovias sacudiam as nuvens e na Lezíria
Cigarras de prata projectavam as vozes
obliquadas em searas virgens de verbos.
Tordos, Gaviões e Estorninhos esbatiam-se
em voos de segredos vazios.

Abertas as venezianas das janelas, sibilavam
os verdes e os rosas, mesclados em planos
tão rectos... (e na Madre d’águas d'afectos).

Alvorece! Cândidos lençóis exalam o emudecimento
do crepe dos corpos em eflúvio enrugados.
Falam dos brilhos balsâmicos guardados
no recato do regaço de pupilas transparentes.
Eram verdes as palavras escorridas ...


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 12/03/2007 19:27  Atualizado: 12/03/2007 19:27
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Mensagens: 2096
 Re: Eram verdes as palavras escorridas
Tantas imagens! Consegue-se vê-las todas. Mais uma vez sublime. Acho que era possível fazer um álbum de fotografia dos seus textos.
Só há uma coisa que intriga... porquê o uso de maiúsculas, dentro do texto, de uma forma, que me parece, aleatória. Confesso que já tentei decompor os textos à procura de uma lógica mas, dou-me por derrotado.

Valdevinoxis