Poemas : 

Cidade das luzes

 
Tags:  cidade    inferno    diabo    satanas    bilhete  
 
A rapaziada comprou um bilhete
Só de ida para a cidade das luzes.
Lá me convenceram a partir
Sem saber bem para onde ir,
Só com o bilhete na mão.

Chegámos ao inferno ainda antes
Do sol começar a descer.
Estava um calor dos diabos
E o bilhete já tinha partido.

Deixem-me dizer o que por lá vi.
Havia homens e mulheres
E crianças também,
Velhos não vi, mas também
Estava muito calor para eles.

Muita gente encostada à parede
Pela avenida fora,
A rapaziada andava doida
E o sol já se ia embora.

Estava capaz de jurar que vi Satanás
Lá no meio daquela gente,
Massificada e petrificada
Pelos ímanes não magnéticos
Da parede da única avenida.

Estava capaz de jurar que vi o Diabo,
A fumar Português Suave,
A provocar a rapaziada a partir
Da parede não magnética que atraía tudo.

Cinto largo a cair pela cintura,
Cornos bem escondidos no cabelo,
Roupa saída de uma pintura,
Piada subtil para quebrar o gelo.

Estava capaz de jurar que vi um ser
Diabólico, talvez feminino,
A devorar cigarros, a devorar a parede
Magnética a que todos se agarram,
Na cidade das luzes que só tem bilhete de ida.




8 de Novembro de 2008
 
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AntonioCarvalho
 
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