Poemas, frases e mensagens de karolis.br@sapo.pt

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de karolis.br@sapo.pt

O Riso Juvenil.

 
Embora você não creia
O riso que patenteia
Não lhe pertence, não é seu!
Não me olhe com desdém
Eu já fui moço também
E esse riso...era meu!

Você, jovem e bonita
Decerto não acredita,
Julga-me de pouco siso.
É natural! Eu também
Um dia me ri de alguém
Que foi dono do meu riso.

Mas deixe o tempo passar
Pra ver onde vai parar
O riso que julga seu.
Quem me dera estar por perto
Pra lhe ouvir dizer, decerto
O mesmo que lhe disse eu.

Entretanto, se quiser,
Pelo tempo que puder
Fique lá com o 'meu' riso!
Gostei de voltar a vê-lo
Como já não posso tê-lo
É de vê-lo que preciso!

J.Barreto
 
 O Riso Juvenil.

O LOBO E O CORDEIRO.

 
A fábula é muito velha, mas os bichos, ainda existem! Todos a conhecem mas, admitindo algum leitor da "nossa" marca e, também, porque não tem nada de mal em não a conhecer, contaremos para esse, o que todos devem saber.

Foi assim:-
Estava um manso cordeiro mitigando a sua sede na água límpida de um córrego que descia saltando e cantando pela encosta do monte, quando, também atraído pela voz cristalina do líquido da vida, aparece, mais acima, um lobo bebendo e se lambendo. Após algumas bestiais goladas, o feroz animal, seguindo com o olhar o escorregar da água, viu (Ó sorte bandida!) o pobre cordeiro, incauto e feliz.
Descoberta a sua inocente vítima, logo o lobo entrou com a sua conversa de malandro:
-quer dizer que não há mais respeito, não é verdade? - Você, aí, largando toda essa babeira na água que eu vou beber, hein?!...
Ao ouvir a voz peçonhenta do maior inimigo da sua raça (exceptuando o homem, claro!) o infeliz tentou defender-se, explicando:
- Eu não, senhor Lobo. Veja que a água corre de si para mim!
A resposta acertada, alertou o assassino:
- Ah, agora te estou conhecendo! Tu és aquele sem-vergonha que no ano passado me fez algumas e boas!
E foi-se preparando para atacar.
- Também não pode ser, senhor Lobo, porque eu só tenho cinco meses de idade!
E também ele se preparou para fugir.
- Então, se não foste tu foi o teu pai!
Disse o lobo lançando-se em perseguição do infeliz e esfarrapando-o, num abrir e fechar de olhos.

Fim trágico, não é? Pois é...!

Há Nações de Lobos e Nações de Cordeiros!
Umas e outras, são como os animais da fábula. O pior é que os Lobos estão ficando raposeiros e, bonzinhos e paternais, estão convencendo os Cordeiros que somos todos iguais. E, muito Cordeiro até já se julga filhote de Lobo. Coitado! Desconhece que é com papas e bolos que se enganam os tolos! Nem o pontiagudo dos caninos, do novo "amigo", lhe recorda que aquele dentinho é para triturar carne e não para mastigar ervas.

- Vai, vai, que Deus te leve em bem à ovelha da tua mãe!!

J. Barreto.
 
O LOBO E O CORDEIRO.

VIDAS IGUAIS.

 
Já não te pergunto:
-De onde vens?
Já não te pergunto:
-Aonde vais?
Não te conheço mais!
Já não sei quem és!
Mas ao ver-te agora
eu creio que outrora
já te vi...talvez!

Hoje, vivo na rua
ao Deus dará!
Minha vida é igual à tua,
vê lá!
Depois que o nosso lar
de todo abandonaste
desisti e vim morar
onde sempre moraste...

Pois...
Já não te pergunto:
-De onde vens?
Já não te pergunto:
-Aonde vais?

Agora, somos iguais,
da mesma podridão,
vivendo como animais
sem coração...

J.Barreto.
 
 VIDAS IGUAIS.

MINHA NAMORADA.

 
Minha namorada
oh, quanta saudade
eu tenho de você;
da frase rendilhada
do toque de pudor
e da jura trocada
...com muito amor!

Minha namorada,
rosa delicada
que raramente se vê;
atende ao meu canto,
enxuga o meu pranto
que eu morro por você!!

J.Barreto.
 
MINHA NAMORADA.

ORDEM DE PRISÃO. "YOU'RE UNDER ARREST!"

 
A ordem, soou agressiva e cortando como navalha na

orelha do detido. Confuso e assustado e, sem

entender o porquê da detenção, ainda conseguiu

forças para indagar da razão.

-Cale-se! -e, a resposta, foi outra picada no

ouvido do infeliz.

Revistaram-no. Estava desarmado. Era, portanto, um

imbecil, aquele que já coberto da noite, de tal

jeito foi encontrado. Mas, era um homem bom e

trabalhador. Provou-o, mas foi convidado a ir até

ao distrito para explicar melhor o que fazia

naquele local, àquela hora da noite. E, lá foi

ele, naquele carro que ele ajudara a comprar e que

ele ajudava a manter, preso por guardas que ele

ajudava a pagar.

Que foi, mesmo, que ele fez?

Nada! Nadinha!

Mas, se ele não fez nada, já os guardas, que

precisavam fazer alguma coisa não iriam perder a

ocasião e, por isso, o levaram. Horas depois, era

dispensado e advertido que tivesse muito juizinho!

E, bem que ele precisava! O caso que motivou a

detenção, é que ele morava naquela rua e ao chegar

a Raio-patrulha estava escarafunchando a fechadura

que fechara tão dura que não queria abrir de jeito

nenhum. E, assim, mete chave tira chave, abre que

não abre...não conseguiu entrar em casa para

repousar mas entrou no carro para passear. Até aí,

tudo certo. O único reparo, é a falta de polidez

policial, uma vez feita a identificação.

Em casos como este, o individuo detido, sendo

devidamente tratado, até regressaria mais

confiante e agradecido à autoridade. Mas, assim,

não! Sai revoltado e, diga-se de passagem, com

muita razão. Depois, ele, que vê autênticos

suspeitos por toda a parte, fica magicando que

ajuda a pagar só para o andarem molestando. Não é

assim, é claro, mas a coisa precisa de um bom

reparo!

Em boa verdade, para haver uma boa polícia, tem de

existir uma Justiça que prestigie os seus atos.

Afinal, o policial, também é gente! E gente boa,

salvo aquelas excepções que só podem atingir o

comando da organização e não os seus bons

componentes.

Falta à polícia, garantia judicial, em razão da

separação do homem e 'o que está dentro dele', e,

outras separações que prejudicam a missão

policial.

Em qualquer País adiantado, a polícia é proteção;

é auxílio garantido e todos a olham com olhar

agradecido. Só não gosta do policial os fora da

lei. Um Povo desunido, por egoísmo e ignorância

(para não dizer pior) dificulta a ação da polícia

e facilita o desenvolvimento de elementos

negativos. É isso o que se vê. Por sua vez, a

Justiça, que é muito "bondosa" complica ainda mais

a ação policial. E, depois, diz-se que a polícia é

má! De facto, podia ser melhor, mas esta de que

falamos, se não é boa, é pelas razões atrás

expostas.

Que o poder judicial seja limpo das teias que lhe

turvam a mente; que a polícia seja composta de

gente honesta e decente e que o Povo seja mais

unido e menos egoísta e, então, veremos que tudo

ficará diferente!

E não se esqueçam, podem crer, que a polícia,

vista por outro prisma, é sempre uma resultante do

Povo e da Justiça que se tiver!!

J.Barreto
 
ORDEM DE PRISÃO.  "YOU'RE UNDER ARREST!"

MARIA DO MAR.

 
Esta, é aquela
que ao tempo da caravela
gerou os heróis do mar
que zombaram da procela
e, vida fora,
têm lutado hora a hora
para do mar retirar
o sustento sem demora.
Seu companheiro
é pescador e guerreiro
e, graças ao apoio dela,
um homem de corpo inteiro.

Maria do mar
lembras o gemer das águas
ao abraçarem as tábuas
da ousada embarcação
e, nessa agonia,
rezas de noite e de dia
para que a Virgem Maria
vos dê toda a protecção.
Olhando a tua firmeza
vê-se que és, com certeza,
a mulher mais portuguesa
em audácia e decisão!
Entretanto, o teu valor,
abafado plo bolor
do esquecimento,
jamais foi em rua ou praça
exaltado pela graça
de todo o teu valimento!
Em contrapartida
quer em largo ou avenida
há nomes tão badalados
que do seu valor real
jamais soube Portugal
dos factos assinalados!!

J.Barreto.
 
MARIA DO MAR.

ÀS MÃES.

 
Nunca em verso bem rimado
já se enalteceu a Mãe,
que o ser é tão sublimado
que rima pura não tem.

Mãe, é dar-se e conceber,
é expandir e criar,
é ter mais e menos ter
e por amor mais amar.

É ter mesmo o coração
a bater mais apressado
em qualquer ocasião.

E depois, rir ou chorar
por algo que foi passado
na contextura do lar.

J.Barreto.
 
  ÀS MÃES.

LEX EST LEX.

 
Uma vez que lei é lei
(e é de facto que eu o sei!),
o que deve acontecer
aos que a ousam subverter
explorando a boa fé?
Diga lá, senhor doutor,
diga lá, se faz favor,
que é para a gente saber
se aquilo que a lei é...
é mesmo lei ou não é?
Ora, se é como ela diz,
seja do facto juiz
e diga mais o seguinte:
quem subverte com requinte
de má fé, não é ladrão?
E, duplamente, acho eu!
Pois se ela não concedeu
e em seu nome se tirou
duas vezes se roubou;
foi a lei e o cidadão!
Quando de facto assim for
diga à gente, por favor:
quem duma só assentada
dá uma dupla dentada
usando falso direito,
pagará pelo que fez
aos dois, duma só vez,
ou -por razões que não sei-
vai ainda a própria lei
condecorar o sujeito?(!!)

J.Barreto.
 
LEX EST LEX.

Caso Muito Raro.

 
Tudo o que a vida nos mostra
só nos diz que o Mundo avança
da mesma forma que prostra
os sonhos duma criança
que dum amanhã risonho
só terá um falso sonho.

Da vida, a realidade,
é sempre tão diferente
que nem parece verdade
o que calha a toda a gente
ao notar em seu fadário
um viver todo ao contrario.

Só raramente acontece
na vida se deparar
com tudo o que se conhece
dos bons tempos de rimar
já que a vida reservou
de viver-se o que se sonhou!

J. Barreto.
 
  Caso  Muito Raro.

"OS SUPER"

 
O super, lá do que for,
é sempre o maior senhor
do que estiver em questão.
Ninguém pode saber mais
porque ele é o arrais
e o resto é multidão.

E sempre que o tal senhor
(seja lá ele do que for)
disser:- Assim é que é!
É um cabeça de vento
quem tiver no pensamento
negar ou bater o pé.

Há que ter muita humildade
e controlar a vontade
de lhe gritar:- Essa, não!!
porte-se como um cordeiro
mesmo sendo já carneiro
ele é o bicho-papão.

Siga sempre este conselho
porque ele é o espelho
da verdade do presente:
fale muito e diga pouco
porque neste mundo louco,
quem mais fala, menos sente!

J.Barreto.
 
"OS SUPER"

"O homem e o que está dentro dele."

 
A frase-título não nos pertence. É de um "sábio", (que sabe pra burro!) da terapêutica criminal. Não possuímos documentação que nos autorize a deitar falação a respeito e, se o fazemos, é baseado naquela grande ideia de Voltaire que defende o direito que qualquer um tem para dizer as suas "parvoeiras". Assim, porque somos bobo no "negócio", não podemos deixar de rir, só de pensar nas coisas que o homem tem lá dentro (e a mulher, também!).

Tal como o chefe é o responsável pelos atos dos seus auxiliares, assim, é o íntimo do homem (subentenda-se sempre que da mulher, também.) o causador de tudo o que ele faz. Por isso- diz o "sábio", não se deve tocar na parte de fora, visto que, o mal vem de dentro. Fica, então, proibido tocar no "objeto" exposto e há que operá-lo cientificamente! Essa operação é tão difícil que, até hoje, raramente deu bom resultado. É favor ver e conferir!

De forma que, se dentro do dito cujo existir maldade 'imensa' o indigno, deverá ser tratado com dignidade respeitando-se a sua encadernação, uma vez que esta não tem responsabilidade criminal. Se o "cara" matou foi porque o cérebro mandou, portanto, que ninguém lhe toque na carcaça!

Aquelas mãos assassinas, são umas inocentes, coitadinhas! Perante o crime praticado, seja o mais torpe e desalmado, o tratamento é feito assim: lá dentro é que é ruim? Então lá dentro será operado. É preciso não esquecer que tais desumanos são, por fora, também humanos! Dessa maneira, pela impossibilidade de os virar do avesso, o tratamento será demorado e mais cobaias serão sacrificadas enquanto se tenta algum resultado. O mais interessante é que as cobaias também são humanas e o são, até, duplamente, porque o são por fora e por dentro. E, mais ainda, as cobaias são peças perfeitas do maquinário nacional. Cada peça dessas que desaparece deixa um triste problema pessoal e a máquina se recente. Mas, como os "clínicos" especializados doutrinam que assim deve ser, então, os bons serão sacrificados. E a ceara do crime, cresce que é um prazer!

Humanidade para o mal, desumanidade para o bem! Uma maravilha! E estuda um "sábio" uma vida inteira até mudar a cor dos cabelos (quando não fica sem eles) para, no final, vir com uma dessas! Confunde e iguala os indivíduos pela aparência, sacrificando sempre o melhor. Se o fizesse à própria custa, até nós, exaltaríamos o seu espírito de sacrifício mas, sacrificar inocentes para satisfazer os milhões de minhocas que tem na caixa craniana, revolta qualquer humano que não tenha jeito para cobaia. A dupla face de tais Leis Criminais, age pelo pior, dá e tira, prejudicando o melhor e, nada mais. Pelo pensar desses sabidos, quero dizer, "sábios", não são as garras do tigre nem suas 'fauces' terríveis, responsáveis pelo que ele faz: é o instinto; não é a cobra venenosa nem tampouco o veneno que mataram: foi o instinto. Se um cão ficou danado e de raiva enlouqueceu, deixem em paz o coitado, porque ele, se mordeu, só o instinto é culpado!

Mas, deixemos de gozação! Então, se um meu semelhante, tiver entranhas de fera, eu devo considerá-lo como meu igual? Os senhores estão doidos varridos! As aparências os dominam mesmo sabendo da diferença do conteúdo. Essas Leis Criminais ferem perigosamente as Leis sociais. Com tais "sábios", o crime está protegido e a sociedade mal servida. Ainda paga e prestigia as "doutas" inteligências?! Que sociedade burra! E, os tais "doutores" e a "digna" imprensa especializada, vivem nela e dela, e tiram, tiram, sem nunca darem nada! Ganham a vida, mal servindo quem lhes paga. A grande academia do mal regurgita de académicos, docentes e discentes e, nós, que não somos uma coisa nem outra mas, somos decentes, é que pagamos o pato por, também, sermos "patos". O mal não pode ser tratado ao jeito piegas que, mais protege do que corrige!

A recuperação de um "doente" só é possível quando ele pretende melhorar. E o tratamento requer medicação interna ou externa conforme, mas nunca se admitindo que possa ser tratado como se fora um indivíduo são, porque, tal prática e a ociosidade são a pior terapêutica que existe. E a realidade da vida aí está para o confirmar. Dêem-lhes trabalho, conforme as suas aptidões; dêem-lhes ambiente honesto e decente, sem exageros, sem esquecer que são elementos faltosos; ajude-se a recuperar quem quiser recuperar-se.

Desculpe, senhor "sábio", mas o que está dentro do homem é tão culpado como o que está por fora porque, uma coisa é complemento da outra! E, os senhores, é melhor olharem menos mal para o bem, se querem viver entre nós gozando de prestígio.

A sociedade não castiga por maldade. É para se defender. Quem não a aprova que se afaste e todo aquele que a atacar, deverá pagar, em razão do que fizer, sem ideias malucas a atrapalhar. Separando-se o homem do que está dentro dele, o crime não pára...nem pode parar.

J.B.
 
"O homem e o que está dentro dele."

TRÊS "GRAÇAS" SEM GRAÇA.

 
-Ó lua porque sorris,
se não vejo a minha amada?
(aparte) -Que será que o carteiro
foi fazer à casa dela?

Gostou? Não gostou?! Nem eu! Nem o Epifânio, mas esse, é por causa do carteiro. Mas, mesmo assim, devo dizer-lhe que anda por aí coisa muito pior e tão descarada que há de pensar quem a veja: "Pode ser que seja honrada mas pode ser que o não seja!"
A poesia que hoje se vê (salvo honrosas excepções), é atrevida e sem graça. Intitula-se moderna e realista e, decerto que é, porque não tem poesia!
Veja, agora, estimado/a leitor/a, se o velho Camões tivesse usado o realismo em vez de um tal 'Manto diáfano da fantasia'? Que bronca, amigos e amigas!
Se, por exemplo, naquele célebre soneto evocando a sua querida Natércia, ele, em vez de dizer: "Quão cedo de meus olhos te levou"
Dissesse: "Quão cedo do meu olho te levou"! Era mais real, não era? Mas, o diabo é que o olho soa diferente e, por essa razão e outras, é sempre um causador de encrencas. Digamos, então, como Camões, o maior poeta português que via mais com um olho (aqui, sim) que outros vêem com os três (como bem o disse Bocage, em desconcertante improviso mas, com final bem rimado como, então, era preciso).

Você, era linda, poesia!
De perfumes variados,
rendas e bordados...
era um encanto!
Agora, não cheira a nada
anda desmazelada,
mas tanto, tanto...

A bela poesia, não tem mais o gosto da Pompadour, nem o sorriso da Gioconda e, muito menos, a graça de Maria! De braço dado com sua amiguinha a pintura, vivem num regabofe, dançando, até o "chuc-chuc" que será uma nova dança que ainda hão de inventar. Estão irreconhecíveis! E não é que apareçam com novos princípios ou se mostrem em ângulos esquecidos! É que deu a louca nas "gajas" e, arregaçando as saias, sem ao menos saberem se trazem tudo vestido, desataram aos pinotes gritando para toda a parte que, assim mandava "o novo engenho e arte".

Na velha capital do pensamento (que há muito virou capital de outra coisa), até já aconteceu de certo "artista" ter ganho o primeiro prémio de uma exposição tendo o seu "famoso" quadro, voltado de cabeça para o chão. E, quem o disse, foi ele mesmo, não é conversa nossa, não! E graças à "consciência" dos juízes, é que vivem felizes, certos "infelizes".

A taradologia em que se inspira o artista contemporâneo dá para ele ver coisas que mais ninguém vê e, por isso, o autor tem de explicar onde fica o nariz, os olhos e as orelhas.Tem pintura que a gente julga estar vendo um naufrágio no pólo Norte e vem o autor e diz que é o Judas de cócoras no deserto.

A música, por sua vez, carrega tanta harmonia que parece um ferro-velho com tanta lataria. Que pureza de sons! Que frases maravilhosas! Que ternura!
E com estas três loucas à solta, não querem que haja loucura? Lendo o que se lê, vendo o que se vê, ouvindo o que se ouve, o resultado é este: calça-se a couve e regam-se os sapatos com azeite de oliva ou dendê. Que hospício!

O nu anda tão desnudado que dá para ver ao ponto a que foi rebaixado. A pureza e a alvura, são resquícios da velha literatura!
Nesse tempo, até a rameira, que era trazida dos lupanares reais ou das vielas sombrias para as páginas ou telas de obras imortais e, em análises de alma, profundas e humanas, assim era tratada mas, agora, vem pelo corpo que vende e não pela alma que chora.
É a vitória do negativo sobre o positivo.

As três graças, se apresentam, ora de modo confuso e infantil, ora em torpes exibições animais, inglórias e impuras que afectam o espiritual das criaturas; eis o que se vê e, por isso, ninguém as sente nem crê.

Ó quem me dera que o céu, de vestes severas, me enviasse o vento em louca correria a gritar-me enfurecido: -É falso, é falso, negativo esteta! -Que sabes tu, pobre pateta? E eu ficaria bem contente, por saber-me tão errado e tão certa a outra gente! Veria, assim, desta mocidade, o futuro garantido e não esse que vejo: abobalhado, perdido!
Eu sentiria, se tal acontecesse, tamanha alegria que me felicitaria se errado estivesse!

Fazei, Senhor, que as três graças citadas, venham a mim, às gargalhadas e com razão de mofar! Juro, a elas me juntar e, depois, todos, enfim...terminarmos a rir de mim.

Quem dera! Quem dera que fosse assim!

J.Barreto.
 
TRÊS "GRAÇAS" SEM GRAÇA.

FILOSOFICES.

 
Se todo corpo sem vida
é carcaça sem ninguém,
na hora da despedida
vão dizer o quê, a quem?

pensando profundamente
muitas vezes me pergunto:
Se escutasse a certa gente
o que faria o defunto?

Haveria debandada
e tão louca chinfrineira
como há sempre na tourada
quando o boi salta a barreira.

Alguns "tristes" cavalheiros
e muitas das "carpideiras"
por certo que eram primeiros
nas desvairadas carreiras.

Cem, dez mil ou maratona
e outras carreiras tais
veriam ir numa fona
seus recordes mundiais.

Fugir daquele "sisudo"
era a meta apetecida
porque "ele" sabia tudo
de certa gente fingida.

Se fores a um velório,
não fales,-toma cuidado!-
porque o morto é um finório
que escuta do "outro lado"!

J.Barreto
 
FILOSOFICES.

POEMA DE AMOR.

 
Quando te vi, minha flor,
senti tal estremeção
que uma onda de calor
se escapou do coração.

Não mais te pude esquecer
e por isso em meu sonhar
entras sempre pra fazer
meu coração mais pulsar.

Basta ver-te, Cinderela,
para ter a sensação
que o esforço do coração
arrasa toda a cautela
pra conter a pulsação.

É por isso que o final
deste amor que te dedico
me dá a certeza que fico
com o coração tal qual
um vaso sem manjerico.

J.Barreto.
 
POEMA DE AMOR.

AOS GRANDES 'GARIS'.

 
Se varressem a sujeira
que mais maltrata o País
teriam, dessa maneira,
um futuro mais feliz.
Quer você queira ou não queira,
é verdade o que se diz!
Quando se faz repressão
é com sujeira maior
e sem motivo e razão,
que a gente sabe, de cor,
que chamam "bicho-papão"
sempre ao bichinho menor.
E, por falarmos em bicho,
não é falho aqui dizer,
é que de todo esse lixo
que se precisa varrer,
é mais nocivo o capricho
de ver o "bicho" sofrer.
Regulem a "bicharada"
porque é coisa nacional
e com essa cajadada
fazem mais bem do que mal
porque teimar é borrada
e limpar, o principal.
Vejam que, a própria moral
nem ela já se defende,
tornou-se material,
até se compra e se vende,
é questão de capital
e de quanto se pretende.

Falámos de "bicho" aqui,
mas, foi só, como "gari"!!

J.Barreto.
 
AOS GRANDES 'GARIS'.

OS SIMPLES.

 
Sejam humildes ou não
a sua simplicidade
dá-lhes maior validade
que aqueles que o não são
e quanto maior o craque
mais razão do seu destaque.

Todo o que se pavoneia
para mais se destacar,
o coitado, há de ficar
embaraçado na teia
por ele mesmo tecida
dando-lhe a nota devida.

A real simplicidade
daquele que se destaca
quanto à sua validade,
define-o, justamente,
pelo que for realmente.

Quem é simples a valer
há de sentir o calor
que em razão do seu valor
irá sempre receber.
Quem perde a simplicidade,
valerá pela metade.

Por isso, como ninguém
pode negar a verdade
que a real simplicidade
jamais diminui alguém,
é que o SIMPLES, seja quem for,
tem sempre maior valor!!

J.Barreto.
 
OS SIMPLES.

O REMÉDIO.

 
SÓ SABIA O PENSAMENTO
E EU NUNCA DISSE AO VENTO
PORQUE ELE IRIA ESPALHAR!
POR ISSO, NÃO ENTENDI,
QUANDO ME OLHASTE E OUVI
QUE RIAS A GARGALHAR.

DA MANEIRA COMO RIAS
VI LOGO QUE TU SABIAS
E MAIS CONFUSO FIQUEI!
SE O PENSAMENTO FALOU
COMO É QUE O TEU ESCUTOU?...
ISSO AGORA É QUE EU NÃO SEI.

MAS, ISTO NÃO FICA ASSIM!
NINGUÉM VAI RIR-SE DE MIM
E DÊ LÁ POR ONDE DER.
SEJA ASSIM OU SEJA ASSADO,
EU ATÉ MATO O PASSADO
PRA NINGUÉM MAIS O SABER.

J.Barreto.
 
O REMÉDIO.

"D. Quixote"

 
De lança em riste...ó, perdão! De

vassoura na mão, o contendor, derrubou

os adversários e sagrou-se vencedor! Foi

o sucessor natural do grande campeão. Do

tipo, jeitos e visões iguais às de um

seu famoso ancestral, ele, pouco mais

fez que conquistar alguns moinhos e, nos

intervalos, defender galos e cavalos,

coitadinhos!

Também quis ser costureiro e criou um

certo blusão mas, ainda desta vez, foi

ele o único freguês. Sendo muito

desconfiado e vaidoso (do tipo

desleixado), foi-se ocultando e acabou

vítima das forças que lá encontrou. Os

inimigos que lhe povoavam o cérebro

deixaram-no tão aturdido que, ele mesmo,

quebrou a lança, digo, a vassoura e,

falando sem falar, largou tudo e pôs-se

a andar.

E o Sancho, que é velho freguês do

"fico" ficou, sozinho, montado no

burrico...

It's a crazy story !rsrs

J.Barreto.
 
"D. Quixote"

OLHO MÁGICO.

 
Vejo no mundo actual
tanta, tanta confusão
que até a Dona Moral
vejo de calcinha na mão
agachada no quintal
e dizendo palavrão.
Anda tão justa a justiça
que já nem cabe na roupa;
trabalha tanto a preguiça
que toda a gente se poupa.
Vai a humanidade louca!
Vejo mais: velhos e novos
em duas filas na rua
atirando podres ovos
e gritando-se:- É a tua!
E vejo o mesmo entre os povos
e a bagunça continua!...
Este olho que tudo vê
o que se passa na terra
mostra a mim e eu a você
muitas guerrinhas sem guerra
que levam onde se crê,
nem, sequer, cabrito berra!!

J.Barreto.
 
OLHO MÁGICO.

"AMIGOS"

 
Aqui está uma palavra de som agradável mas de paladar nem sempre gostoso. E, em linguagem escrita, se é grifado, quer dizer: -Deus te livre! Mas é dos "amigos" grifados que nos vamos ocupar porque, os outros, são tão poucos!...

O mundo está abarrotado de tais "amigos". os stocks aumentam por toda a parte. São tantos que, até, dentro da nossa casa os encontramos.

Antigamente, ajudar um amigo era obrigação dos que lhe tinham amizade mas, hoje, é ato de leviandade.

Os laços de amizade não têm mais aquele aspecto festivo e caprichado! Estão fora de moda! Agora, em vez de laço, usa-se um nó corredio que é para enforcar, o prezado "amigo", ao menor assobio.

Anda a Vida tão disfarçada que, o Carnaval, já se conta exceptuando o três dias de vida real do Carnaval.
Também, entre as Nações, só existe a amizade moderna, como não podia deixar de ser! Afinal, o Progresso tinha de ser geral.

Aquelas bobagens antigas: Sangue, Razão, Direito, Verdade...hoje, moram com a saudade.

Ignora-se a origem, trai-se por maldade, por inveja, por despeito procurando tirar vantagem, de qualquer jeito.

Os Países se desentendem; os Povos se sublevam, instigados por separatistas "amigos", gente muito bondosa que se condói de tudo, até, de ver os outros de barriga cheia! Desunir, fraccionar, enfraquecer, destroçar...para, depois, tudo comer.

No parentesco irracional que todos temos, raposas,
macacos, burros e leões, formam o zootipo de homens e Nações.

E, se o "amigo" é irmão? Ai, como dói, companheiros, vê-lo todo galhofeiro no desfecho da função a aplaudir o "bom" leão!

Mas, quem sabe se a bonança não tardará a voltar? Pelo menos, em casa do parente, começar-se a notar
outros modos, os modos da nossa gente!

Se o mundo voltasse ao rumo certo e a vida, um Céu aberto ainda fosse ficar, que belo fartão de rir: ver as aspas a cair e os amigos a voltar!

J. Barreto.
 
"AMIGOS"