A tua rua...
Passei por ti na estrada
E não te estendi a mão…
Magoei o chão com o meu salto
Mas queria atingir o coração.
Sei que te encontro amanhã
À mesma hora, debaixo da mesma lua.
Sei que não está no fundo do copo
A receita para esquecer que fui tua...
Mas uma noite destas vou sorrir-te,
Olhar-te nos olhos e sentir-me nua…
Nesse momento esqueço-te
E nunca mais passo na tua rua...
Se...
Se tu viesses ver-me,
Pelo menos agora,
Se chegasses antes que chegue o fim…
O tempo não pára, não perdoa, nem olha para trás
E se pudesse saber o mal que me faz
Por certo não correria assim…
Se viesses esta noite, agora, já…
Se chegasses para secar as minhas lágrimas
E calar o eco do que em mim não há…
Se tu viesses poderias ao menos ouvir o lamento
De quem não conhece palavras de amor
Nem sabe para onde corre o vento …
Esta noite...
Esta noite, mais do que nunca, oiço esse canto desesperado, esse chamamento do não sei quê que habita (há quanto tempo…) dentro de mim… não te entendo… estas tão longe… não me vês hoje aqui, nesta praia, olhando o mar, cabelos soltos em homenagem dessas gotas de liberdade com que ele me salpica…
Este é apenas um momento, tudo passa, tudo se quebra, nada, absolutamente nada fica…
Eu digo-te que já sei isso, que não me importo… a vida acaba todos dias só com o propósito de recomeçar outra vez, e outra, e outra … como o perpétuo movimento dos corpos que se envolvem em luxúria…
Esta noite uma só gota de liberdade basta! Vingo-me de cada presente envenenado que me deste, ó vida…
Já fui louca...
já fui louca, desvairada
apostei tudo, não ganhei nada
após não sei quantos dias, Renasci…
voltei a ser Eu - eterna mulher-menina-
do que vivi nem tudo lembro ainda,
desavinda em líquida ilusão…
As ruínas, fi-las pontes em favor do coração...
coroei rainha a minha vontade
e estendi a mão ao vulto da verdade:
não se vive dia sim e dia não!