Lágrimas e sorrisos
Sentir teus olhos nos meus olhos
Sentir teus lábios sorrir
Sentir lágrimas perdidas nos olhos
Sentir teus olhos sorrir
Sentir o mundo dos teus olhos
para os meus partir
Amar-te por amar teus beijos
Sorrir-te por sorrirem meus olhos
que teus sabem sentir
Sentir teus lábios nos meus lábios
Sentir teus olhos sorrir
Sentir beijos perdidos nos lábios
Sentir teus lábios sorrir
Sentir o mundo dos meus lábios
para os teus partir
Amar-te por amar tuas lágrimas
Sorrir-te por chorarem teus lábios
que meus sabem sentir.
Vem ter comigo
Vem ter comigo
ao lugar incerto
que prometi.
Vem falar do tempo,
do mundo inseguro
que conheci.
Gosto de ver
por entre os ramos
mil segredos.
Gosto de saber
pintar de cor
nossos medos.
Vem subir o monte
de ideias e sonhos
que construi.
Vem criar magia,
fadas e gnomos
no jardim.
Vem ter comigo
ao lugar incerto
que prometi.
Vem falar do tempo,
do mundo inseguro
que conheci.
Salobra
Obra de sal,
arte na água,
saborear-te
na tarde calma.
A água da vida
salta e lava,
refresca e dança
por onde passa.
Que cama sentida
deita a palavra
de areia fina,
doce e amarga.
Nesta corrida
quem te ampara?
Onde nasce a foz,
onde pára a água?
Instante
Das histórias que se contam não há nada p´ra esconder
Das memórias que se seguem, os livros não o sabem dizer.
Se, lá no fundo, há retalhos e versos perdidos num homem,
que se pode fazer?!
Não há rasgos de aventura e de emoção para viver
São os olhos que fecham e não se cruzam ao amanhecer
Ditam as fitas o que a sorte pode oferecer.
Já se apagam as luzes ao anoitecer
Lá fora já é hora de se esconder
Perdem-se as horas ao encontro da mulher...
São as ideias mais ternas que um homem tem
São as vitórias que não se contam mas sabem tão bem
São as manias de já julgar ser alguém
mas não resta ninguém...
Das músicas que se ouvem e tocam por aí
Das letras que invento ao pensar em ti,
saberá este mundo de um homem profundo
que se perde assim?!
Não há barcos de ilusão que não passem aqui
São os segredos que se lembram e que senti
Digam as mentiras que procuram e desejam em mim!
Ainda são as palavras que te dizem a todo o momento
dos sons e das imagens que se captam em movimento
mas nada vês nem descobres cá por dentro,
um sentimento!
Alexandre Reis
em Salobrear
Firmamento
Aqui estou finalmente
tão só como sempre.
Sentado, colado, impedido
de conquistar a voz
que, ofegante, se exprime
compulsivamente.
Pregado ao novo mundo
(imóvel a cada segundo)
em que tudo se move
para voltar ao centro.
Num deslocamento impreciso
sem recenseamento ou pré-aviso
voam bandos de pássaros azuis
na dança do fogo.
Tenho-me crucificado em vão,
aos poucos repiso, venero o chão
e peço compreensão!
A cada dia o céu muda de cor,
debotam-no os voos das aves a motor
cruzando oceanos.
Que pode ser dito
a um mundo em conflito?
Zumbidos mudos... Ouvidos interrompidos...
A ânsia de guerrear enfurece
a inconsciência espectacular
e estridente.
À noite
as estrelas entretêm-se a contar
as luzes da rua dos inocentes.
Por cada um(a)
cresce o firmamento.
Lágrima
Chora
Cai a água da tua fonte...
Crescem as margens pela face,
o horizonte.
Deixa-te levar pelo sentimento
de envolver esse rio
da tua alma.
Fica com a feliz sensação
feita em lágrimas de tocar
fere o mal que te fez chorar.
Poderá ter sido uma flor,
pequena pérola sonhadora
preferida a sós,
Gota de tristeza
guiada no mar de sóis
guarda de muitos olhos.
Bola de cristal, luz do dia,
bela estrela caída ao mar
brilhante ao luar.
Nascente de sede
que se evapora e perde...
Alexandre Reis (XZ)
Em salobrear
Chuva de Verão
Sabe tão bem
a chuva de Verão,
água do céu vem
molhar o chão.
O sabor que da terra nasce
é tão doce que entorpece.
Acalma-se a poeira, mansa
e um estrondo soa, cansa.
O calor bebe desta chuva
e recolhe nos seios, a fruta.
sabe tão bem
a chuva de prata
corre e encanta
o coração.
Publicado em
www.salobrear.blogspot.com
À margem
Um rio nasce do nada,
tal como as estrelas são douradas
e o fogo é incandescente.
Da alma surge a água
que cai em lágrimas de sofrimento.
No outro lado do rio
há nuvens num céu cinzento.
Nasce a vontade de inventar
um rumo novo,
redescobrir outros tempos.
Navego na barca dos amantes,
desesperadamente...
À noite, o desconhecido,
a constante procura da luz.
Até que, de repente,
o rio estende-se
e confunde-se no mar da vida.
Alexandre Reis (JX)
Em salobrear.blogspot.com
Eis o poema introdutório de um livro organizado mas não publicado
De repente
De repente, num instante, a cor é outra
Acordam os rasgos e as tiras da roda colorida da vida
Saltam à nossa frente os sustentos da leveza eminente
Mas, de repente, num instante... Sofre a gente!
Amaldiçoam-se os defeitos, fazem-se reparos aos outros
Sobram poucos!... Quase nenhuns, quase ninguém!
Porém, de repente, num instante, emano os poderes do além,
essa energia crescente e flamejante - o meu sol circundante
Acalmo.
As ondas sussurram na areia d´ouro finas melancolias
Embaladas na foz do rio
Ao largo passam as frotas de navios em desespero
Alma minha gentil, voltaste de repente!
Num instante sou corpo, sou gente, sou alguém!
Montanhas nevadas, trenós galopantes, cavalos com asas,
memórias distantes, num instante
Recuso e acuso.
Se invoco, me impeço de haver um começo
De ter um curso - regato rendido às portas da vida
Mas, de repente alguém bate - Sou gente!
Alexandre Reis (X)
Restos
Já nada resta aqui.
Partiram todos para o outro lado do rio,
faz muito tempo.
Despeço-me hoje e volto amanhã
porque haverá menos gente.
Não interessa procurar,
estão todos no devido lugar
e nada me pertence.
Já se foram embora.
O sino toca a toda a hora
para avisar da solidão que me espera.
É tão tarde por ser assim,
nem há Primavera que me alegre
estou sozinho, enfim.
Ouvem-se os gritos daquela miúda
que sabe tudo quanto há-de ter,
que escolhe quem amar
para nem sequer ter prazer...
Sempre me enganei por estar certo
neste eterno espaço aberto
onde um dia entrei.
Que me resta fazer por cá,
senão procurar aquilo que não há
e com sempre sonhei?
Alexandre Reis (K3)
em www.salobrear.blogspot.com