Saudade
Hoje a saudade veio me visitar e trouxe junto de si o doce amargo gosto do passado, talvez seja porque desejei que estivesses aqui.
Hoje a saudade veio me visitar e tive você por um breve momento junto de mim, teu lábios roçavam os meus suavemente e tuas mãos acariciavam meu rosto.
A saudade é sutil, delicadamente chega e atiça os sentimentos, sinto perfume de flores no quarto, pétalas de rosas espalhadas pelo leito que um dia foi meu e teu, era assim que me amavas, com a delicadeza e beleza das flores.
O desejo de te amar de novo me enlouquece, como queria que estivesses aqui, tantos sonhos, planos, caminhar pelas ruas e avenidas de mãos dadas, o mar, os momentos de amor ao luar.
Ah! saudade por que vieste desinquietar este coração que de tristeza padece pela falta do amor que já partiu.
O dia amanhece e os raios de sol lembram que é outro dia, da janela vejo crianças que brincam no jardim, sorridentes esbanjam alegria, lágrimas me descem a face, como eu queria que tivesses visto eles crescerem, oh! meu amor por que não estás aqui?
Volto ao quarto e tenho a impressão de vê-lo rapidamente a me olhar daquele modo que me deixava corada e vaidosa do amor conquistado.
Hoje a saudade veio me visitar, talvez por que vi teu sorriso nos lábios de nossa filha e meu coração te chamou para que pudesses estar comigo e desfrutar deste momento.
As lembranças me tocam e fico olhando suas fotografias, ouço nossas canções, desfruto de cenas já vividas registradas em minha memória, mas essas lembranças me levam a loucura de não poder acariciar teu corpo, beijar teus olhos e cobrir tua boca com os beijos meus.
Hoje a saudade veio me visitar pois sabe que somos um do outro e que embora saiba que não te verei mais, estamos ligados por nosso passado, presente em nossos filhos e no futuro por nossos netos.
Que seria de nós sem os sonhos que embalam e acalentam corações saudosos durante as noites, hoje o meu amor me visitou e mais uma vez me fez feliz!
Hoje a saudade me visitou e deixou no ar um que de romance e melancolia...
HOLOCAUSTO
Calada, vi minha pele ser rasgada!
Os gritos eram abafados pelo terror e o medo constante de morrer.
Ali fiquei enquanto o sangue escorria por entre minhas coxas.
Soube naquele dia que jamais seria a mesma.
Um torpor tomava conta de mim agora, o que estava por vir?
Quem seria meu próximo algoz? Não seria melhor morrer?
Com o corpo mutilado, sofria sem descanso.
Queria poder dormir, quem sabe sonhar, mas tinha medo...
Tremores sacudiam meu corpo, fraco dos maus tratos e pela fome!
Vivia momentos de tamanha agonia, a febre aumentava e vinham os delírios...
A mesa farta, a família, meu amor primeiro.
Ouço gritos, passos fortes, cada vez mais perto.
Um frio percorreu meu ser, seria o fim da guerra?
Num esforço sobre humano tento me erguer, estico minhas mãos ossudas.
Mas o que ouço me atinge certeiro: - Hora do chuveiro!
CIÚMES
Vou contar uma estória,
História de amor e dor...
Onde ciúme sucumbiu a memória,
Esquecendo que um dia foi amor,
Amor eterno que foi jurado,
Entre semblantes risonhos...
Corpos nus abraçados,
Noites de amor e sonhos,
Como algoz veio a distância,
Trouxe consigo desconfiança...
Causando no amor dolência,
Enfraquecendo a esperança,
Deixaram-se esmorecer,
Guardando no peito rancor...
O ciúme os fez padecer,
Anunciando desamor,
Soturnos de coração entorpecidos,
O amor que d'antes ardente...
Vela o olhar já perdido,
Ficou a lembrança somente,
Ciúme é desvario,
Beirando quase a demência...
Da vida faz escárnio
Mata o amor e desfaz a essência!