Pretérito- mais- que-Perfeito
Eu ainda te amo, apesar dos pesares
E dos beijos ressequidos... Frouxos...
Mesmo que os lírios se tornem roxos
Ou sequem-se as águas dos mares
Eu continuo a te amar com dolência
Sem me importar com quase nada!
(Se um dia fostes a meiga namorada
Que roubaste a minha inocência!)
E no clarão dos teus olhos luzentes
Minha alma refugiada descansa;
Aninha-se nos teus abraços quentes
Depois retorna apaziguada e tranqüila
E dormente feito uma boba criança
Canta e ri, e valsando ao vento sibila
José Anchieta
Tudo O Que Eu Tenho É Uma Canção...
Quando eu fixo os teus olhinhos lindos,
A luz deles brinca com a luz dos meus
Quando miro, sob o luar, os olhos teus
Descubro o quanto eles são bem- vindos!
Quando eu cismo nos seus belos lábios
Escraviza-me um desejo e uma ânsia louca!
“O beijo é um segredo que se conta à boca...”
Ah... Os verdadeiros poetas são sábios!
“Os olhos são as janelas da alma” (Feche- as!)
E que o cerrar das pálpebras sinalize à hora
Do tão previsível encontro das nossas salivas!
Depois os abra novamente, irei contemplá-los
Extasiando-me com brados, júbilos e vivas
Feito um colibri que pica uma vermelha amora!
José Anchieta
Soneto de Casamento
Amo-te querida com o mesmo afã
Com que outrora eu te amei.
E depois destes anos eu sei
Que te amo hoje menos, do que amanhã.
Quero-te com a mesma ternura
Com que outrora eu te quis.
E sei que tu me fazes feliz
Tornas a minha vida cheia de ventura.
Que Deus abençõe a nossa união
Com saúde, paz, felicidade...
E acrescente cada dia mais amor!
Por isto, pediremos juntos, ao Senhor:
- Oh!Pai! Nunca deixais faltar o pão,
O respeito e a fidelidade.
José Anchieta
“Requiescat in Pace”
- Coração, quantas vezes foste ferido
Pelo menino que detém cheia a aljava?
Quantos sonhos febris à luz da lua alva
Pelo ser tão desejado e mui querido?
Quantas ilusões permearam o meu seio
Trazendo-me tanta dor, tantos tormentos?
- Coração, quantos lívidos juramentos
Fizestes à criatura amada sem receio.
Hoje, eu padeço terríveis dores cardíacas
Não posso te culpar e nem o maldigo.
Extravaso o amor em composições líricas.
Quando partimos desta esfera enigmática
Dir-te-ei ante o meu último e fraco suspiro:
- “Requiescat in pace” meu caro amigo!
José Anchieta
Apenas, Mais Um Poema de Amor
Nestes versos que eu canto
Com tristeza e grave pesar
Dou-te a ternura do olhar...
Por que, que eu te amo tanto?
O teu riso alegre, festivo (...)
Confunde-se com o meu pranto.
O teu seio firme (pináculo santo).
Para te amar é que vivo!!
A lua tem inveja desta silhueta
Que, desnuda, brinca comigo.
Pequenina, esbelta e perfeita.
Quando eu tiver o teu carinho
E ser-te mais que um amigo...
Mudarei teu nome pra “benzinho”.
José Anchieta
Pai
Quando eu era um menino
Admirava a força dos heróis
E a esperteza dos cowboys.
De um mascarado latino...
Quando eu era criança
Queria ser um guerreiro
Sobre um corcel galopeiro
Com escudo e lança.
Quando ainda juvenil
Queria ser um soldado
Com farda verde e fuzil
Mas agora eu vejo-o (tangível)
O maior herói ao meu lado:
-Pai, meu educador invencível.
07 de Agosto de 2010
José Anchieta
Soneto de Perspectiva
Se Deus nos conceder sã velhice
E que o nosso amor perdure
Por todo o tempo que dure
Tendo do amor, ainda a meiguice;
...E que as carícias possam ser
Substituídas pelo diálogo amigo.
E que, eu ainda encontre abrigo
Nos teus braços, no teu querer;
...Que o corpo e alma já cansados
Da fadiga que longos anos trazem
Possam estar ainda apaixonados;
...Em teus braços eu dormirei contente
Quando eu der o último suspiro!
Ou dormirás tu nos meus, alegremente!
José Anchieta
Alma de Passarinho
Eu tenho alma de passarinho
Que gorjeia em baixos galhos.
Que pacientemente faz o ninho
Em caducos e altos carvalhos.
Quando canta triste e sozinho
É que terminou seus trabalhos.
Foge da rosa e do seu espinho
De víboras com seus chocalhos.
E se, vê à beira de um caminho
Ou nas armadilhas dos atalhos...
As crianças que reviram ninho
Com estilingues – os pirralhos.
Escapa e voa livre o passarinho...
José Anchieta
Um Poema de Amor
Quis subtrair d'um jardim, bela flor
Perseguiu-me um cão petulante
E uma abelhinha irritante
Atraída pelo seu agradável odor
Quis cantar-lhe o mais lindo louvor
Mas não sei dedilhar um violão
Quis retratá-la na barra de sabão
Mas sou um péssimo escultor
Quis soprar-lhe ao ouvido - amo você!
Ao ouvir do vento, o rumor
Balançando os verdes ramos do ipê.
Quis dar-lhe rosas, não pude.
Trago apenas um poema de amor
E desejo-lhe paz e saúde.
José Anchieta
Poema Sacro
Ele morreu para dar-me a vida e o perdão
E carregou sobre Si minhas dores.
Uma coroa de espinhos... Ao invés de flores,
(Que eu quereria), para perfumar-lhe o chão
Da via-crúcis em que, Ele seguia...
Quantos erros simbolizados na cruz.
As afrontas da humanidade sem luz
-Quanta bondade! - Oh! Quanta agonia...
-Jesus Querido, sou muito Lhe Grato
Pelo Teu sangue vertido no lenho.
Mas mesmo assim, sei que sou ingrato
Por não servir-Te com grande engenho.
Na Tua presença descalço os sapatos,
Retiro a gravata. Sou frágil desenho!
José Anchieta