vaia
será que a poesia vai deixar
de lado essa soberba e vai
plantar alguma verba para
eu viver de brisa e bancar
a poetisa?
ou será que vou continuar assim,
fingindo que estou feliz com
essa recepcionista sem maquiagem
que mora dentro de mim?
será que algum dia , alguém vai
estudar as minhas caracterísiticas
e dizer:nossa, essa daí sabe escrever!
será???serei???
suruba...enquanto fico pensando,
morro na praia, morro de vaia.
quando te amo
quando eu te amo,
te amo tanto que
não me amo, não me
aguento, não tento
me amar.
quando te amo, eu
amo tuas palavras,
todas aquelas que
não posso mais lamber,
quando te amo, amo
em mim o que apenas
encontro em você.
Filosofia
Há um tronco oco
dentro de mim.
Um buraco enorme
coberto de ervas
daninhas e palavras
que evaporam de cinco
em cinco segundos.
Há mundos estranhos
dentro deste buraco
e coisas esquecidas também.
Acho que foi lá que deixei
o bem e o mal desde que
comecei a ler Sartre,
Hegel e Heidegger.
A filosofia me arrebentou
por dentro.
Nunca mais consegui
encontrar o meu eixo
e o teu centro.
sim, é verdade
sim, é verdade,
não estou feliz,
nem realizada.
tentei
quebrar pedras,
dar soco em ponta
de faca,
tentei dar minha cara
a tapa.
tentei
usar todos os ditos
populares, as rezas
e as simpatias.
tentei.
mas, sem você,
só restou-me
a poesia
lan lan
Confissão à queima-roupa
eu não devia te dizer
o que já te disse de antemão.
porém, todavia,contudo,
você não serve nem pra
lamber o meu chão.
vá pela sombra,
vá na fé.
vá na paz.
o que eu gosto,
você nunca soube
me dar mais.
não é isso
que você não tem.
é o que você pensa
que sabe e não sabe
tão bem.
quase à vista
fui vista
pela vista
que não paga
à vista
nem a prazo
e eu que
sempre atraso
para chegar
no ponto da
partida,
estou no vagão
sem ida ou volta.
o que me revolta
é essa minha idade
mental que não bate
com a cronológica.
não entendo
de mim,
não sei lógica.
e esse trem
sem asas e que
não é movido
a vapos, me leva
a lugar nenhum
quando tão longe
estou do amor.
é,fui vista
por uma vista
que não aprendeu
a ver.
então,
me diz baixinho
quem é você.
lan lan
na tarde de joelhos
nem mais penso e/ou sinto e se sinto não sei se penso.tenso momento, denso escuro só.alguém me atravessa, alguém me amordaça e algema na cama.meias pretas para você,meias-verdades, três horas e meia no espelho, na tarde de joelhos para o mar.
posse e/ou possessão:você me tem nas mãos, nos lençóis sem a/manhã.
deslizo, meu corpo é quase/todo um futuro sem olhos.chamo isso de amor, chamo isso de prazer.
mais uma hora: vou te comer.
amar assim
odeio essas coisas pequenas:
mentiras, poemas, palavras
ridículas e sem nexo quando
você afunda no meu sexo.
quero apenas o silêncio
das bocas unidas, as mãos
crispadas, as pernas para o ar.
amar deitada é o que me convém.
nada é mau ou bem.
depende apenas dos ângulos.
amar sempre com a língua
cheia de desejo, com aquela dor
feroz.
e depois, bem depois
esquecer de mim, de ti,
de nós.
Lan Lan
Bela Adormedida
o teu amor é algo
que nunca coube dentro
de ti ou de tuas palavras-pedaços:
esses traços que me rabiscas, esses
poemas no precipício são apenas
gentilezas geladas, delicadezas
que apodrecem antes da meia-noite.
sou a bela que adormeceu, sou o
que não podes atingir com os teus
poemas de morte e solidão.
Nunca pudestes deitar no meu coração
sem veias, sem batimento, sem glória.
deixe-me dormir
e me perder nessa memória
que se desfaz quando não mais me conheço,
quando amanheço sem deus e sem paz.
o amor, o amor
deve ser muito mais.
deve estar no meu sapato perdido,
no castelo pintado de amarelo,
em algum modus operandis diferente.
o amor é quem já se foi
e continua aqui,
dentro da lua desenhada
apenas em mim.
Máscaras Sociais
lamento o ocorrido,
lamento
sinto tanto por você...
o que posso te dizer?
amanhã é outro dia.
tudo vai dar certo.
levanta a cabeça
e olha adiante.
eu sinto.
eu sinto muito...
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ai!como minto, como minto...