Poemas, frases e mensagens de StellaG

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de StellaG

Todo mundo é uma estrela e merece o direito ao brilho.

Marilyn Monroe

Eu e os camaleões

 
Eu e os camaleões
 
Nas vezes em que vi um camaleão,
só havia curiosidade e louvor.
Ficava escondida na pedreira,
esperando que ele viesse esquentar
o sol e a aridez do momento sem
outras melhores brincadeiras.

Desobservava tudo ao redor
e assim me sentia menos só,
mais autêntica,mais livre.
Camaleões passaram a ser
uma espécie de entendimento.
Fiquei expert em lidar com eles
com o passar do tempo e com
a vulgar realidade opressora.

Eles nunca se escondem totalmente.
Animal difícil é sempre o lobo em
pele de cordeiro.Esse ai tomou
o meu passado quase inteiro e eu
até achei que ele era um monstro
sagrado, uma das bestas do apocalípse.

A vida precisa de elípses,
nuances torpes e desconhecidas,
de animais quase raros e emoções
baratas.Antes os camaleões do que
os lobinhos perigosos.
Sempre que atacam, fazem barulhos
estrondosos, matam pra valer.

Engraçado, mas acho que quem morreu
primeiro foi você.

Stella Grimaldi
 
Eu e os camaleões

Carta a um morto

 
O destino, esse destino sem roupas e sem escrúpulos trouxe tuas ventanias para perto de mim.Deixe-me levar pelo teu cavalo de vento.Deixe-me.Não te odeio por ouvir o furacão lamentar.Não sabias que podias esconder o sol nas mãos frias e toscas.O que odeio em ti é a graça torpe de tuas palavras, é o todo ridículo que prescreveu junto com as doenças de tua alma imunda.

O que odeio em ti inunda o meu sangue de pérfida alegria, aumenta o poder das minhas atrocidades, alimenta a besta em mim.Sinto a lava sair quente enquanto te vejo ardendo no meu caldeirão silencioso e espumante.

O que odeio em ti, desnobre homem, não é nem o teu sujo coração.O que odeio em ti, meu caro morto, é esse bem podre e lamentável dos fracos e dos mentirosos.

Stella Grimaldi
 
Carta a um morto

Aprendendo a morrer

 
Aprendendo a morrer
 
 
A lua desova recordações:
a semente brota insensata
buscando o sempre nostálgico.
Há algo de imperfeito nas lâmpadas
acesas, nos corredores dos labirintos,
no ódio que me cospe e que sinto
nas horas vagas, no vértice insatisfeito
dos triângulos estrangulados de vazio.

A 15 metros do frio, caracóis me habitam
e todo o glamour cabe no silêncio sentado
perto da porta de entrada e na saída do nada.
Mantenho as luzes longe.Não quero enxergar
o abismo, o abissal delírio fincado no meu sexo
quando há tanto mais para querer e tantas bandeiras para se levantar.Se o amanhã chegar
agora que seja antes que eu emburreça, que seja
antes dos quatro cavalheiros do apocalípse
e do próximo eclipse e a sua injustiça.

Quando se morre por pouco tempo, não há tempo
para escutar nenhum lamento, nem para diminuir
o horizonte.
Nesse ínterim desaprendo a ser eu e aguardo o mato
crescer na boca da noite.

Stella Grimaldi
 
Aprendendo a morrer

Prelúdio

 
Prelúdio
 
Espero as palavras
nascerem de tua boca.
Espero todas as coisas
que esquecestes de prometer.

Teu sorriso que nunca vi,
as pequenas grandes conversas
que tivemos, teu corpo
quase pronto, quase branco,
tonto e não meu.
Espero.

E quando chego,
e quando te falo
de sentimento,
não escutas e nem
podes escutar.

Ainda assim espero.

Mas ontem fui embora
de ti e de mim.

E mesmo assim espero o início
porque já tenho o fim.

Stella Grimaldi
 
Prelúdio

Stella Grimaldi