Poemas, frases e mensagens de MJDA

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de MJDA

Cansada

 
Entre tudo o mais acresce o lugar do sossego
Onde eu sou eu e a minha alma cansada
Este lugar de despe e veste.
Despe tanto
Outro tanto agradece
E
Demasiadas vezes
Não adormece

Depõe do dia o grilhão
Meia confusa anseia o silêncio
a reclusão

Despe o colete da ingratidão
num bambolear de habituação

Descai pelos ombros a camisa da acusação
Solta capaz espirro
Alergia ao tecido que fedia
a mundo
e
à sua frustração

Liberta-se da saia que ao dia doou a cor
com todo o ardor.
Batalha ganha em grande questão
Atira-a ao chão
Com primor
Não perca os traços de rigor
Retém sem expensas
No torpor vagaroso da repetição
o fruto, a lição
com ou sem agrado da razão.

A razão que agradece
O trapo despido, o pensar convertido
Cada pedaço cerzido na nudez do vestido

Agradece a respiração
O sangue que aperta o coração
E na volta do sono,
- o que se faz rogado a seu dono,
Agradece a bondade dos que tudo dão

No pano de fundo a ironia do mar,
Diz que sim…Desenrola o não
Como se, o tonto, a quisesse embalar

E até
a moinha do corpo em desesperação
é
vida que remexe
é
motivo de prece
é
Inquietação

E lá para as tantas,
De horas esgotado o longo dia
nos braços da noite se atira
Num refugio de fadiga
Num lugar de sossego
Que já não veste nem despe
Nem agradece

Ah, pobre alma cansada
Sem saber quem é
Sonha a manhã
e
Docemente
Adormece.
 
Cansada

A.m.o.R.o.m.e.u

 
Vem, vem me descobrir
Aventuras sem fim quero repartir
Deixar o silêncio dos cúmplices fruir
enrolado de nós, histórias sem fim construir

Vem, vem me encontrar
Em mar de carícias quero me afogar
Comungar a alma par a par
doces anelos emanar… respirar

Vem, vem me ver
Despojar a solidão deste viver
Travar idílios da imaginação de não te ter
roubar meiguices que tenho a te oferecer

Vem, vem meu amor
Perder-te em minha paixão com ardor
consumir com sofreguidão e calor
este fado que me corrói, sem ti de dor

Vem, só vem
Vem de mansinho
Apraz meu carinho
de ter-te em meu ninho
Trapaceia a íris do destino
rasga-lhe o leito em desalinho
com atino, … num suave murmurinho

Porque não me encontras
se me quero rebelar?

Adivinho o teu olhar
Doçura que anseio beijar
De meiguice te devorar
E para sempre me perder
Em teus braços eternos,
beber o amor, desfalecer
em feliz adormecer

Vem, vem sem medo
que o mundo é pequeno
ínfimo para abranger
outro amor de tamanho igual
Embevecido o meu pode morrer
prezando o teu a sobreviver
em sonho de amor imortal!
 
A.m.o.R.o.m.e.u

Doce ilusão

 
Estou onde não estou.

Estou no suspiro do tempo
Na carícia doce da lua
No leito que a recebe todo o dia

Estou oculto no pensamento
No sonho, no devaneio
No beijo que não veio
No planger do sofrimento

Estou onde não estou
Porque estou aí…
No beijo da manhã
No anseio do espelho
No despertar das flores
Em abraços multicolores

Estou onde não estou…
No exalar ressentido
No suspiro contendido

Estou onde não estou...
Estou com a alma que me deixou
Tão-somente para te amar!
 
Doce ilusão

Candura na palma da mão

 
Bom dia Vida!
Bom dia sol que rifas o céu
esburacando o cinza do teu véu
enfeites tímidos meio luz meio breu,
Bom dia...

Bom dia alegria!
Sem que me estejas prometida
deixa-me prender-te neste dia
Fazer-te minha, dar-te guarida
Vem regar suave alma florida

Bom dia amizade!
Rocha preciosa de sinceridade
Em cultura singela de bela arte
montas sensível baluarte
agasalho do tempo, vem,
vem... eternizar-te.

Bom dia palma da mão!
extensão de vida
aquecida de alegria
do sol amiga querida
de sonho revestida
Agradece por mais um dia...

Um dia ...de Vida...
E com vida! Convida...

Descortina por mim...
A luz da noite esquecida,
que não seja por demais perdida,
sem a dor do amor
nem o carmim da paixão.
Enleia-te com fervor
derruba-me no teu leito de perdição
Seduz-me no ardor da volúpia.
Com corda de solidão, tece o desejo
e amordaça teu coração de afeição...

E agradece por mais um dia...
Agradece por mim,
palma da minha mão.
 
Candura na palma da mão

Rebeldia da esperança?

 
Até que idade podemos sonhar?
Um sonho de amar…que não se faz chegar
Até que tempo se permite a ilusão
De nos alcançar o coração?

Diz o testo em teoria que será por toda a vida
Por toda a vida ….
Acreditar ou não eis a questão!
E se recebemos do querer
Os dias a viver
Não será a duvida um segredo a manter?

Se resposta não me dão
Se não alimento a questão
porque brilha então,
a Esperança
vestida com pele envelhecida,
no fogo da imaginação?

Por toda a vida….
desabrida
Sem desejo ou mantida,
A esperança escondida
com vida própria,
Por toda a vida…
Ludibria com mania
O tempo em magia
Com sol com lua com
Ventos de fantasia
Em pura alucinação!

Por toda a vida…
 
Rebeldia da esperança?

Vórtice

 
Coração que choras as
lágrimas do mundo...
São consolo do teu sofrer?
Ou são penas que lavam
a angústia do teu ser?
Não te feches no olhar
Fita o medo de frente e
lava com teu penar o que
ao alcance de tuas mãos
puderes e tiveres a abraçar!
Coração morto vivo,
deixa que em teu peito ferido,
o choro trace o trilho
do que é o belo e com sentido.
Parte... parte renascido
para teu calvário conquistar
que o mundo tão sofrido
tem bastante para te sarar!
 
Vórtice

Lágrimas

 
Chora se teu choro for…
De calor, com paixão com ardor
Sal do tempo, voo de condor
Palpitando ensejo, cruzando
ares de inquietação,
ou tão simplesmente
planar em ondas de emoção.

Chora se teu choro for..
De sonho de sentimento explorado
Versejado ou até encarcerado
Em baú secreto de inspiração

Chora…
Chora de dor o amor por antecipação
Em bilros empoeirados corroídos
Passivos que devem...
Mas temem de ser esquecidos

Porque me importar
Que sonhes
Que chores
Que te encontres
Em atalhos de interrogação?

Ilude-me o interior do teu singular
O beijo perdido da imaginação
Dado na face do tempo que
Morre… em solidão
Ludibriado pela ilusão em fúria
Em templo de contemplação

NÃO…Não chores!
Se teu choro for o tempo…
O tempo a passar por vielas
De quem tem tempo
Tempo a matar!
 
Lágrimas

Tempo suspenso

 
Tempo suspenso
 
Ontem ria e sorria o contentamento
Era doce bebida o encantamento
Eram felizes as cores
As luzes acesas do firmamento
Fulgiam sonhos de presente

Era cheio
Era enorme, era maior que a ambição
Era tudo o que o sonho abarcaria em sua mão

Hoje é outro dia. Um dia pequeno.
Pequeno nas horas em que te afastas
Pequeno como o coração que apartas
Encolhe de tristeza com que o atas.

E fica calado na pequenez
Banha-se em vulgo de sensatez
Suspenso de medo ou de embriaguez
Do ontem, do hoje e do amanhã…talvez.
 
Tempo suspenso

Teia de letras

 
Entrelaço as palavras ou os pensamentos?
Ou borbulham as letras no vão sentimento?
São tolas… elas, as palavras, em vaidade e tormento

Com risos abafados laçam de escárnio
e descompassam o tempo febrilmente
Saltitam nos seixos do ego tal água corrente
Lavando a boémia do capricho premente

E por aí vão sem pausa nem ambição
São tolas, te digo, são pura ilusão
Dão voz sem nexo a vil queixume...
Embuçado no manto da inspiração
são disfarce perfeito da solidão.
 
Teia de letras

Olhos embaciados

 
O tempo que fui
No agora que morre em mim
Era tempo por fim
De morrer ou coisa assim
Desdito
Pérfido
Ou proscrito?
Sem expressão no verso
O sentido
O grito
Encolhido...o gemido
Ó triste desprendimento
Do que foi e nunca sera dito!

Chora calado o
traco borrado
é vapor na janela
e
escorre
e
morre
Contorce-se ainda no bafo incerto do presente
Lentamente
e
Por fim
Sem adeus
Entrega-se num arrepio de frio.
 
Olhos embaciados

Alegria

 
Hoje canta o sol
E os rufos enchem-me.

Desfaço todos os nós num enlaço de apreço.
Somo e planto, de forças desmedida
Um a um, activos sem preço...

Como a terra, a minha alma - Agra colorida!

E é tão clara a manhã, tão nua de bem vestida.
Ornada em sóbria simplicidade, embriaga-me o ser,
Não afunda na banalidade, ergue-se no estar e viver
Em sua perpétua graça, divinamente - Agradecida!
 
Alegria

Ciúme

 
Essa dúvida coxa que não se faz anunciar
Embuste de amor, espreita, sibila sorrateira
Na curva do sonho se aninha e de modo vulgar
Tece armadilha num doce baloiçar de matreira.

Olho-a de soslaio, reconheço com escárnio
Não se vá perpetuar em prelúdios sem fim,
Não queira amparar a noite, seja seu desígnio
Consumir sem dó o pouco siso que resta em mim.

Mas não se acabrunha ao meu olhar, bem contrária
Sacode o magote a venenosa, e vêm outras tantas aos ais
Assentar arraiais, e tantas outras... tantas outras ou mais...

Enlaçam a imaginação e constroem lanças e punhais
Ó parca fortuna tua meu amor, no sono velas o pecado
Valha ignores que ao teu lado, morro... de ciúme fulminado!
 
Ciúme

Malogro do destino

 
Carrossel que
rodas e rodas em desalinho
Rifas mil desejos num desatino
Consorte sem sorte encobres com tino
Aparta-lo bem vejo, de arder de carinho

Ergues de cores teu moinho.
Será sonho, delírio ou espinho
Que cravas no caminho?
Será labareda de teu mimo
Ou murmúrio teu para mim,
Destino?
Ou tão só...
Ecos da noite
Diluídos de mansinho.
 
Malogro do destino

Sonhei Contigo, Mãe!

 
Entre as linhas…entre os acordes...
Foram ainda os olhos teus que saudaram o triste dia
Os meus ficaram por lá, no sonho, na nostalgia
O dia sem graça estava em sintonia
O meu corpo inerte em recusa
não fugissem dos olhos meus os teus
A seu tempo o inadiável se remediou
O torpor quebrantou
Mas foi com o cheiro do cabelo teu
Que o corpo fez o que quis, aquiesceu

Chove

Passeiam os pensamentos por entre a vidraça...
Vêem a varanda alagada de lágrimas das flores solidárias
O mar, a cinza da minha alma agarrou
nela se embrulhou e com o céu a partilhou

Tem dias assim em que a noite bate no dia
e o dia bate em mim. Mergulho em saudade doída
Desejo o profano. Viesses salvar-me
Para junto de ti levar-me…

Como escusa chegas de mansinho
Aqui bem pertinho, sim como te adivinho
e solfejas tua eterna alegria nos olhos
da tristeza minha.

É-o…
Só mesmo o teu amor não falharia.
 
Sonhei Contigo, Mãe!