A rima perdida
Eu me calo
Simplesmente me calo, e saio
Ressentindo
Querendo chorar
Mais não choro
Sinto o vento
Olho pro tempo
Sinto a vida se movendo
E vejo fluir o que não pensa
Vejo flores aguardando chuva
Todas sem perder a pose
Vejo arvores perdendo folhas
Na certeza de uma nova estação
Vejo joaninhas aparentemente sem rumo
Mais conhecem a direção
Vejo trilhas das impensantes formigas
Aliadas em cadeia
Parecem tão amigas
Amam as alheias
Vejo a beleza torneando-me
Sinto uma emergência em me levar
Dirigir-me por nada
Me perder na estrada
Sorrir sem possuir nada
Encontrando a perdida rima
Sendo levado pela vida.
Quando parti
Logo cedo
Guardei os segredos
Fugi de mim mesmo
Viajando em ti
Foi por medo
Escondi meus anseios
Anseios os mesmos
De quando parti
Mais voltei firmemente
Para seus braços quentes
Que outrora recusei
E me privei de sorrir
O céu me mostrou
Que não importa onde estou
Sou o mesmo que aqui
O ódio
Notório é o ódio
Peço a ti que vás
Perturbe a ti mesmo
Quiçá, outdoors revelarem,
suas injúrias sobre mim
Seu prefácio ao meu respeito,
não culmina em nada
Apenas é uma de outras
Conversas bastardas
Totalmente reversível sou,
diante de tua dolorosa proposta
Porém, te digo, e digo alto
Não amanheça em mim com o sol
Não se refaça jamais
Serei autodidata de felicidade...
do ódio, não quero nem a metade!
Kauê J. Duarte
MALTRAPILHO DE SUA REALEZA
Sou sim...
Sólido como a rocha
Firme como a terra
Molhado como a água
Secreto como o céu
Singelo como o sino
Doce como o mel
Poeta como a lua
Brilhante como as estrelas
Amado quando estás comigo
Contigo não existe castigo
Posso ser o tapete que pisas
O sol que te bronzea
O creme de tua pele
Tudo o que me pedires
Oh imperatriz de minha história
Senhora de meu jogo
Rainha do meu tabuleiro
Deusa do meu tempo
Quero ser seu pequeno escudeiro
Defensor de seus sonhos mais intensos
Permita-me tal elegância
Adentrar seus palácios de prazer
E assim estar
Só por ti
Estrela da aurora
Sempre teu
O bobo de sua corte
O maltrapilho que recebe suas migalhas
Suas pequenas misérias são referencia
Pro meu coração amante.
raízes
Que construamos nossos lares na certeza, que as alturas de nossos padrões não nos tire do olhar os nossos alicerces, que o sofrimento inicial, responda a consequência do que se finda, não por merecermos de fato, porem, para sermos respondidos de acordo com nossos esforços...Toda e qualquer honra venha do nosso suor, sangue, imposto como penhor dos nossos sonhos.
Que a sentença remanescente brote da magia em que foi plantada.
O pedinte
Sou pobre
Sou sim
Sou pobre de bens, de amores
De alimento ou cobertores
De amigos, afeto talvez
Me encontro na embriaguez
Sou feio, dizem que sou
Sou pardo, que o sol me tornou
Sou fraco, covarde também
Mais não abaixo a cabeça há ninguém
Porem...
Sou o brilho que seus olhos não puderam ver
Carrego o consumo de suas migalhas pra sobreviver
Trabalho o dia em humilhação a te esmolar
A pequena moeda não vai te faltar
Estou magro sem corpo algum, reconheço
É no trabalho que amanheço
Meu esforço alimenta um irmão
Partilho o pão
Minhas mãos insensíveis ao tocar
Trabalham duro pro estômago não gritar
Eu me pego falando comigo
Me expressando, só assim consigo
E se seu olhar eu não atrair, sei porque
A certeza da vida é morrer
A ROSA E O ESPINHO
Se na vida tudo é rosa
Quero ser o espinho
E ficar o tempo todo colado
Se tudo é prosa
Quero ser a rima
Pra dar seqüência na história
Se tudo é fogo
Quero ser a brasa
Incandescente por conseqüência
Se tudo é real
Quero ser a fantasia
Que inunda de sonhos e desejos
Se tudo é vida
Quero aproveitar sem tempo de partida
Sem pensar na ida
Se tudo é amor
Quero ser o combustível
Que explode de tanto amar
Não nasci pra ser sozinho
Você é a rosa eu sou o espinho.
Gestação
Ainda assim, um mero abraço
Possuindo nossas carências
Amarrados com num laço
Censurando nossas tendências
Entre um casal apaixonado
Pontapés, socos
Nem mesmo um perfil encaixado
Nos tira desse bom enrosco
O que nos une amorosamente
Sela nosso amor
Separa fisicamente
Salienta teu lindo pudor
Oh...semente belíssima
Me transborda de heroísmo
Semana após semana
Entre saltos de otimismo
Gera o sonho eterno
Da nossa vida tão breve
Me conduz ao mundo paterno
Dessa gravidez tão leve
Que bom ser distanciado de ti
Por um recheio tão vivo
Até onde posso investir
Nesse abraçar tão nocivo
CHORO DE REDENÇÃO
Deu-me vontade de chorar
Não tenho motivos
E nem preciso
Só preciso de lágrimas
Sei lá, mais encontro a redenção
Chorando porque sou fraco
Chorando porque sou forte
Chorando porque sinto, alem de um coração
Sinto além de um pensamento
Choro além de um lamento
Choro por chorar
Lavar as vestes da iniqüidade
Pra lavar o rosto do pecado
Pra purificar e dar lugar as situações
Vazão ao choro, aspecto puríssimo
Pois quando choro, percebo que sou real
E não um corpo ambulante
Vagueando por entre corpos vagueantes
Mais não, sou esse choro de berros
Esse choro só de lágrimas
Choro de perda, de conquista
Ou apenas choro
Quando choro me humanifíco
E permito Deus enxugar minhas lágrimas.
MÃE, A FLOR DO MEU JARDIM
No jardim da minha casa encontrei uma flor
Diferente, seu aroma enfeitiçava
Se alastrava por entre as gramíneas
A flor era tão bela, cuidadosa
Crescia pequena para dar espaço a suas vizinhas
Suas pétalas eram macias
E seu tronco numa delicadeza que nunca vi igual
Fiquei encantado para saber o nome de tal flor
fiquei sabendo que Deus havia dado um nome com três letras
Como céu, porem algo mais extenso que o céu
Mais só quando todas as flores á sua volta estavam grandes
Essa pequenina se entregou aos ventos
E se deitou sobre si deixando só as demais
vim então a descobrir o nome dela
MÃE...