Rasgo-me!
Rasgo-me e deixo-me escorrer...
não tenho costuras nem bainhas
o meu barro não secou!
Águas feitas desejos liquidificam-me
Sinto o lento percorrer de um fio de mim
e por esta linha doce, melosa e lenta
recordo e vivo mais porque é ao meu tempo!
hoje
hoje tudo era possível
tudo de bom poderia acontecer
hoje acreditei que tudo valeu a pena
e não tive pena do que não valeu
Hoje não fui mais uma
fui eu, ímpar e afirmativa
invulgarmente vaidosa
gostei-me!
interrogo-me e entristeço
"querida"
Quanta distância encerra esta palavra?!!!
acabei com o começo!
Pronto está arrumado:
- gaveta das (des)ilusões;
- pacote das empatias negadas.
Quase dava ao meu coração a hipótese de ser de novo adolescente! O meu perdão, coração!
tenho que livrar-me disto!
quem foi? quem me colocou na garganta estes advérbios que quase degluti?;
quem me pôs aos ombros tantos substantivos e verbos?
e não satisfeito me mergulhou no charco do SENTIR? ACUSEM-se!
Eu tinha um caminho cheio de evidências;
de coisas térreas: eu era quase só a a base da pirâmide de Maslow!
Manhã fresca, dia leve
Na bipolaridade dos dias meus...
Ontem fui burro de carga, hoje sou amazonas a galopar na planície.
Irónico...
Clínico, dirão outros!
Nada se repete, há um constante devir
vou-me rendendo camaleonicamente à mudança!
Alimento-me dela.
Mora em mim um parasitismo voraz que enche o bucho
á custa de visto, do acontecido do imaginado do oferecido!
Hoje, sentei-me e foram-me chegando pequenos nadas... e foi TUDO!