toxicoIndependente
gosto de versos
efervescentes
e universos
resplandecentes
pulsando,
fervilhando
de imagem e cor
por vezes soluçando
num desgosto de amor
o meu delírio
é o arrobo sentimental,
dependência emocional
tornada vício
que não faz mal
ainda que digas
que são sentimentos piegas,
adoro o estilo empolado,
do impulso arrebatado
escaldante
e provocante,
para noutra dimensão
viajar sem razão
Album Duplo
Como comentário ao meu texto - LongPlay - Luka escreveu um poema de que gostei muito por captar e olhar noutra perspectiva a essência do LP. Publico agora os dois num Album Duplo, agradecendo a expressão que Luka dirigiu ao meu texto.
a toda a hora
e a seu jeito
gira o disco
com defeito,
tem um risco
tatuado,
indelével sinal
que silêncio retém.
mas todos sabem
que é amado
por quem o adora
no som imperfeito
quando ri e chora
Paulo alvão
Quando ri e chora
todo o som de uma melodia
para uns perfeito
para outros
triste agonia.
Mas que importa
o defeito do disco
se o que traz à memória
é um tempo
de uma história
a canção
vinda de um disco riscado
talvez por mim
tatuado
kirinka luka
Mágoa
ser a dentro
chega ao centro
a ponta do cisel
de gestos infelizes
rasgando, cruel,
duas cicatrizes
a lágrima seca
não sulca o leito
mas é erosiva
e deixa marca
no fundo do peito
de forma abrasiva
Reencontro
A palavra sorriu
Fulgurante
Porque te viu
Diferente
Com o brilho interior
Que se projecta
Confiante
Liberta
Do medo
Desse dedo
Acusador
Que aponta
A ti própria
Causando angústia
E muita
Dor
Tasca Lusa
o nosso senhor chamado Silvestre
é para muitos um grande economista
boas negociatas sempre teve em vista
e nisso também é indiscutível mestre.
é gestor maior do pátrio restaurante
que anda muitas vezes quase falido
mas não se sentiu mesmo nada aturdido
e salvou-se de forma natural e elegante.
deu novos tachos prontos a estrear
aos empoleirados que foram mais ordeiros
pois, como se sabe, não faltam cozinheiros
uns embuçados e outros que para enfardar
estão logo dispostos a entrar naquela farra:
bem vindos pois, ao banquete da cagarra!
Inferno
omnipresente,
a oportunidade perdida
é uma doença crónica
persistente
má-formação ortográfica
numa frase enegrecida
mó
Ergue teus olhos doridos
apenas um pouco
caídos que estão
na água amarga
que em ti chove.
O mar não se comove
nem o sol se apaga
ante a comiseração.
Repara como és louco
remoendo ventos idos.
Douro
os fugazes instantes,
salpicos de ouro
que vestem o rio,
revelam cintilantes,
que o mar recebe a nascente
sob a luz límpida
que a foz guarda
e oferece
do eco vibrante
dessa tarde infinda
permanece,
no ancoradouro
dos nossos instantes,
o silêncio
mais puro,
aquele, que primeiro nos uniu
então, fomos amantes
sem o sermos ainda
LP-LongPlay
a toda a hora
e a seu jeito
gira o disco
com defeito,
tem um risco
tatuado,
indelével sinal
que silêncio retém.
mas todos sabem
que é amado
por quem o adora
no som imperfeito
quando ri e chora
Pinheiro
o raminho plebeu
era dádiva preciosa
da árvore generosa
que o Natal escolheu
dependuravam-se risos
e rasgados sorrisos
de feliz brincadeira,
e a alegria verdadeira
que o envolvia
brilhava em tons
de sincera alegria
agora depende
da industria do plástico
já só se acende
com luz eléctrica
na montra entristece
uma sombra fria
que já não me aquece
como em menino, fazia.